terça-feira, 28 de outubro de 2008

É hora! Extreme Makeover Home Edition

Já é hora de voltar à escrita já que a tinta não pára de correr na minha cabeça e já me cansei da preguiça e do próprio cansaço.

Assim, volto a esta casa que já tem mais de um ano de vida e cujo aniversário não foi esquecido apesar de não publicado. A proprietária já não é a mesma (não porque a casa tenha sido vendida ou porque o banco a tenha vindo penhorar) mas apenas porque sei que quem vos escreve hoje é outra pessoa, diferente da que a construiu.

Não posso dizer que tenha mudado, não o fiz, nunca o faria, mas ganhei perspectivas que julgava nunca vir a ganhar. Acho-me inteligente o suficiente para ter consciência de que é preciso aprender todos os dias, experimentar mesmo errando e não desistir de reconstruir a casa (ou pelo menos de redecorá-la) isto se os alicerces estiverem bem fundados, o que considero que estão, apesar da doutrina divergir sobre ao assunto.

Este ano que passou pus alguns projectos adiados em dia mas muitos ainda se quedam na gaveta à espera de disponibilidade. Mas estou mais perto do que estava antes.

Este ano aprendi finalmente a pôr-me em pé numa prancha de surf. Não foi fácil, sendo um desafio mais íntimo e intelectual do que alguma vez imaginei. Mas são os momentos em que duvidamos de nós que, quando ultrapassados, nos dão segurança de quem somos e do que somos.

Também experimentei falhar, chumbar, ir de encontro a um obstáculo até à altura inexistente. Esse obstáculo ainda não ultrapassado fez tremer a base, deitou por terra aquilo em que assentava a parede mestra da minha casa. E agora a insegurança surge onde nunca tinha surgido e o medo é difícil de afastar e a dúvida das nossas capacidades... Enfim, voltarei a falar nisso quando o obstáculo for ultrapassado.

At last but not at least, i've found love. Estejam descansados que não vou começar com lamechice pegada apesar de andar mais sensível do que alguma vez imaginei ser. Há dias até em que não me suporto principalmente aqueles antes de... vocês sabem...

Porque o que me fez crescer no amor, e me faz todos os dias, não foram os dias de romance e os olhares profundos e o sentimento de sermos compreendidos (tem dias:)). Tudo isso é a coisa "mais boa" que já me aconteceu, não estou a menosprezar. Mas a angústia da saudade e a perda da independência e a cedência eram palavras que não constavam do meu léxico. Mas todos estamos sujeitos a acordos ortográficos, uns melhores e outros péssimos, e este sendo revolucionário foi de "fato" essencial. Este fez-me conhecer-me um pouco mais, encontrar as rachas na parede e as infiltrações... porque não há cura sem diagnóstico! A perda de liberdade, não física obviamente, mas intelectual, mental ou espiritual (escolham conforme a vossa religião) é o sentimento mais agridoce que até hoje conheci. Porque ao mesmo tempo que já não dependemos só de nós próprios e que perdemos forças para arrancar para outro lado qualquer e que pensamos em outra pessoa antes de pensarmos em nós próprios (homens saltem este paragrafo porque nunca vão perceber e eu ainda não arranjei maneira de traduzir isto) também sentimos finalmente que já não estamos sós, apesar de nunca ter-mos estado sozinhos. Aprendi, em suma, que o amor é a prisão que nos liberta (não sei dizer isto sem parecer frase feita, desculpem).

Portanto, com todo o ar (dióxido de carbono inclusivé) dos meus pulmões vos grito: É HORA! O projecto foi desenhado, o orçamento está feito e a reconstrução já começou. Tenho consciência que é imprescindível deitar paredes velhas abaixo para construir as novas, mas as fundações mantêm-se.

E prometo que daqui para a frente vos mantenho actualizados dos progressos da obra, que não se vai fazer sozinha, nem em sete dias, mas que já está em andamento.