quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Das 12 badaladas ou as minhas resoluções para 2012



No fechar deste ano que foi bom e ao entrar em 2012 que certamente será melhor, sei que as 12 badaladas vão soar no nosso âmago enquanto gritamos uma contagem decrescente do 10 em diante, desencontrada das panelas que se começam a ouvir lá fora. Não sabendo onde vou estar nessa noite, se em cima de uma cadeira ou não, tenho a certeza que estarei no sítio certo, porque vou estar a teu lado, mais um ano, a olhar-te nos olhos enquanto engulo passas, apressadamente, ao ritmo das badaladas, desencontradas da contagem decrescente, em simultâneo com os desejos que se costumam pedir. E neste frenesim, sei que quando a contagem chegar ao zero, vou largar todos os pensamentos e vou deixar desejos por pedir, só para poder selar mais um ano com o beijo atrapalhado de quem tem a boca cheia de passas que custam sempre tanto a engolir. Mas fecham-se os olhos e tudo está bem. Os desejos que ficaram por pedir transformam-se em resoluções para cumprir e fica tudo bem. Porque acabam por ser a mesma coisa: a maior parte das vezes, a concretização dos desejos que pedimos, depende apenas de os querermos mesmo realizar. Assim, para não me esquecer de nada, e sem acreditar na superstição de que se contar não se realizam, resolvi anotar os meus desejos / resoluções, para este ano em que entramos:

Primeira badalada
BONG!

Desejo de Miss Universo: Paz mundial e fim da fome e da pobreza extrema. E ter a capacidade de fazer tudo o que está ao meu alcance para que isso se cumpra.

Segunda  badalada
BONG!

O desejo de ser mais e melhor mantém-se. O que muda é a vontade ser ainda mais forte. Mas a vontade de mudança também existe, noutras coisas, para ver se a vida fica mais fácil, para podermos aproveitar mais dias de sol.

Terceira badalada
BONG!

E tratar de ti e de mim melhor que a saúde é o mais importante. Comer bem, fumar menos, beber água, obrigar-te a vestir uma camisola quando está frio, essas coisas que todos sabemos. E não podemos dar as coisas como garantido.

Quarta badalada
BONG!

Viajar para longe. Este ano é que vai ser.. aquela viagem inesquecível. Enquanto houver estrada para andar, seguiremos em direcção ao oeste. E passear na praia, com os cães, naqueles dias frios que afugentam as pessoas.

Quinta badalada
BONG!

Euromilhões, Euromilhões, Euromilhões, seguida de uma mensagem por motivos de ausência por tempo indeterminado e uma mudança repentina de continente. Era tão bom!! Mas enquanto não me sai nada, contento-me com a ideia de conseguir poupar.

Sexta badalada
BONG!

Ser mais organizada e começar a fazer separação de lixo, que com vergonha assumo não fazer.

Sétima badalada
BONG!

Ter tempo e empenho para ler mais, escrever mais, ir mais ao cinema, pegar na prancha mais vezes. Fazer tudo o que quero que fazer. Preciso de tempo que é precioso para poder cumprir mais uns items da minha bucket list.

Oitava badalada
BONG!

Sucesso profissional e pessoal, para mim e para os meus.

Nona badalada
BONG!

Pela família, amigos, pelos que estão longe, pelos que estão perto, pelos que estão a passar um mau bocado, pelos que estão muito bem na vida, pelos que têm desafios pela frente.. que tudo o que desejam se realize. E para que os nossos inimigos emigrem para longe.

Décima badalada
BONG!

Que os nossos cães batam records de longevidade nunca vistos e vivam 40 anos.

Décima Primeira badalada
BONG!

Que o Sporting ganhe o campeonato. E a Taça. E as outras coisas todas que eu não sei o nome.

Décima Segunda badalada
BONG!

Estar contigo para o ano a pedir estes mesmos desejos, e outros ainda talvez. Porque sem amor o copo está sempre meio vazio.  O que implica que o mundo não acabe em 2012.

Balanço 2011



"Este ano vou ser mais, muito mais e bastante melhor. Vou ser tudo o que quero ser, já que não posso fazer tudo o que quero a todas as horas. E irei mais longe do que alguma vez fui e voarei mais alto.. Este ano vou viajar mais e trazer comigo mais pedaços deste mundo ainda estrangeiro de mim, mas não por muito tempo. Vou fazê-lo meu. E vou partilhar mais, prometo. E se falhar podem cobrar. Este ano vou trabalhar mais e melhor e ultrapassar os obstáculos que ainda me restam para ser plena na profissão que me escolheu. E vou ler mais, muito mais, porque o tempo foge de nós e a memória também e saber é preciso. Este ano vou cuidar mais de mim... Vou beber mais água e comer melhor e exercitar o corpo que é casa desta alma que quer viver muito e bem. Vou comer mais fruta e vegetais e fugir das batatas fritas e da Coca-Cola como se fugisse da lava de um vulcão. Este ano vou dançar e cantar mais e mais alto... Este ano vou amar-te ainda mais (como se fosse possível) e melhor (isso sei que é) e vou continuar a cuidar de ti e dos nossos, melhor do que no ano anterior. E vou ser mais arrumada e vou lavar mais vezes o carro. Este ano vou passear os cães logo de manhã cedo, antes mesmo de acordares com esse teu sorriso quente de almofada em resposta ao meu “bom-dia querido, está na hora”.Este ano vou estar mais com os amigos, tantos e tão bons e que hoje pouco vejo mas dos quais sinto tanta, mas tanta falta (se não fosse o Facebook já não os reconhecia – Salvé o Facebook!) Este ano vou poupar mais: dinheiro, energia, água, tristezas. E vou deixar de me preocupar com o que não interessa e de remoer obsessivamente nas subtilezas que capto nos sorrisos disfarçados dos outros ou nas frases encobertas de simpatia. Este ano vou dormir mais (sim querido, ainda mais) e melhor. Este ano vou ser mais feliz! E vou repetir este manifesto como mantra da minha alegria não me vá eu desviar do caminho certo."

Foi isto que eu disse o ano passado e eis o que consegui cumprir (quase tudo):

  • Viajei. Não tanto como queria mas para o ano será melhor;
  • Ultrapassei obstáculos: exame de agregação Check;
  • Dancei e cantei mais alto;
  • Cuidei de mim;
  • Amei-te melhor;
  • Fui mais arrumada e lavei o carro mais vezes (e no entanto o carro continua sem grelha);
  • Passeio os cães todas as manhãs;
  • Estive com os amigos (pouco, ainda, mesmo assim);
  • Poupei tristezas e substitui as lâmpadas lá de casa por LED para poupar energia;
  • Este ano fui mais feliz!

O que ficou por cumprir (e passa para a lista de resoluções de 2012, a qual protesto juntar):
  • Aquela viagem, só nós dois;
  • Beber água e deixar a Coca-cola (apesar das batatas fritas terem sofrido uma redução substancial);
  • Ler mais livros; e
  • Poupar dinheiro (tenho cá para mim que este no é que vou conseguir).
Um dos exercícios que gosto de fazer quando estou cansada ou acho que tudo corre mal é contabilizar, através de listas, as coisas boas e os momentos inesquecíveis que tenho passado, para não me esquecer que a vida me sorri. E fazendo uma incursão pela máquina fotográfica, este ano foi um ano notável e tenho muitos momentos para mais tarde recordar:
  • Passei fins-de-semana deliciosos;
  • Fui a festivais e concertos (Donavon - Ericeira Summer Fest, Jamie Cullum, Diego el Cigala, Cold Play - Optimus Alive, Gipsy Kings, Caetano Veloso e Maria Gadu, Bon Jovi, entre outros);
  • Fui a dois casamentos e dois baptizados;
  • A Maria nasceu e a Luísa vem a caminho;
  • Cantei no Rock in Law;
  • Andei a cavalo (montei) pela primeira vez;
  • Andei de barco;
  • Fiz milhares de compotas e biscoitos;
  • Tornei-me sócia do Sporting e comprei lugar de época;
  • Fui a Amesterdão mais uma vez;
  • Tive cerca de 6000 visualizações do blog só este ano (o que pode parecer rídiculo para que tenha este número de visualizações por dia, mas para mim foi um passo importante abrir o blog ao mundo);
  • Fui madrinha e fui à festa de Natal na Casa dos Rapazes; e
  • Comecei a andar de mota (à pendura - mas já foi um grande passo).
Em suma, foi um bom ano. Mas ainda há muito para fazer. À medida que antigos obstáculos são ultrapassados novos desafios aparecem no caminho. E eu estou preparada para percorrê-lo. Bom ano, malta!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A alegria de uma criança





Já vos disse que gosto muito do Natal, right? Especialmente porque esta época tem o condão de trazer ainda mais ao de cima a criança que há em mim.. Ou talvez, porque nesta época não se note tanto os meus surtos de alegria, daquelas que só as crianças sabem ter.


É uma das minhas características mais importantes: Sou criança e gosto! Haverá coisa melhor do que:
  • patinar no gelo e tentar não cair;
  • ficar embevecida com as luzes e cores;
  • sorrir com os olhos;
  • fazer "V's" de vitória (ou de peace and love) para as fotografias;
  • fazer casas de gengibre e montar a árvore de Natal;
  • cantar músicas de Natal em uníssono;
  • manter a esperança num mundo melhor;
  • partilhar a alegria de passar pelo security check do aeroporto e não apitar com o segurança;
  • comer gomas e algodão doce;
  • andar de carrossel;
  • a alegria sincera de partilhar o que temos?

Não há, digo-vos, honestamente. Passamos a infância a querer ser crescidos para poder fazer imensas coisas que nos esquecemos de fazer quando, finalmente, chegamos a adultos e já não precisamos de autorização. Temos de ser adultos tantas horas por dia que, com o que nos sobra, temos de aproveitar e voltar à simplicidade das coisas boas.

Isto tudo para justificar a minha compra do Domingo passado. Fui à Decathlon e comprei um arco de Hula hoop, que sempre quis ter. Em miúda, lembro-me de ficar na escola, horas a fio, com o arco a rodar à minha volta sem cair. E nesta memória peguei no arco ali mesmo e tentei. Inexplicavelmente, o arco rodopiou brevemente (cerca de duas vezes e meia já a contar com a volta que deu nas pernas) e caiu. Não pode ser.. As crianças não têm ancas, agora devia ser mais fácil. E tentei mais uma vez.. E voltou a cair. Pronto, a decisão fora tomada: Tinha de levar o arco para casa. Fui treinando no caminho até à caixa e quando cheguei já conseguia aguentar três voltas e meia. A senhora da caixa sorriu e disse:

É tão bom ter a capacidade de se ser criança! Pois é, respondi com um sorriso, iniciando mais uma tentativa falhada. Em suma, acabei de encontrar a minha primeira resolução para 2012: ficar croma a hula hoop! Garanto-vos que entre tentativa e erro, aquele arco faz melhor do que ir ao ginásio.

E com a alegria de uma criança, saí com o arco na mão, e fui brincar às casinhas com o meu namorado. =)


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Dos que estão longe


 

Chega a um dada altura da vida que chegamos à conclusão que temos pessoas em todos os cantos do mundo. Seja pela análise da origem das visualizações do blog, seja porque a saudade aperta, este é um facto que me assusta, ao mesmo tempo que me dá uma sensação de conforto inexplicável.

Conheço e sinto falta de pessoas que partiram para lugares mais ou menos amenos, para conquistar o mundo, coisa que sempre quis fazer (e  faço, mas sem sair do meu lugar, através de uma espécie de controlo remoto espiritual). O que sinto é que estas pessoas, ainda assim, por terem passado ou por fazerem parte da minha vida, levam um bocadinho de mim com elas. Através dessas migalhas de mim espalhadas pelo mundo como estandartes da minha casa, tenho uma sensação de pertença - que pertenço ao mundo (dúvidas houvesse) e que o mundo me pertence, mesmo sem sair de casa. O mundo é a minha ostra, ou qualquer coisa do género.
Mas a parte pior da internacionalização é a falta que se sente dos que estão a viver por nós momentos inesquecíveis. É muitas vezes, por causa deles, que me dedico a estes textos. Porque sei que há alguém do outro lado que os lê, porque sei que muitas vezes esta é a forma preferencial de comunicação. Não para contar do que se passa na minha vida, que ultimamente se mantém à bolina de um vento calmo, sem nada de novo para contar, mas com a serenidade e calor de um dia ameno de sol, apesar do cansaço que já se vai acumulando no corpo. Mas do que se passa na minha cabeça, que é muito mais desnorteado e interessante, ou não. 

  
  • Assim,  à L. que está em nos EUA: Querida amiga, todos os dias penso em ti e neste oceano que está no meio. E tenho tantas saudades que nem aguento. Esta "personagem de filme de Tarantino" sente falta da sua comparsa de gabinete, conversas, jantares, gostos, de compreensão. És das poucas pessoas que me conseguia criticar e ser dura sempre na altura certa, sempre quando precisava mais. Por isso tenho saudades e quero saber de ti. Sei que estás feliz aí, mas sabes que tens aqui também uma casa e pessoas de braços abertos à tua espera.
  • À prima R. e à baby L. em gestação, que estão em Larnaca - Chipre: Amora, prima-irmã do Guincho e de Fábrica, e de todas as férias e fins-de-semana e madrugadas, acompanhadas de panquecas e gelado. Custa-me tanto não poder partilhar deste momento maravilhoso que atravessas, custa-me não poder por a mão na tua barriga e ver o teu sorriso a resplandecer enquanto trazes contigo o início da tua própria família. Baby L., que vais ser a nova prima caçula, apesar de seres cipriota, espero que esta casa te receba um dia também. Espero poder ver-te crescer, e espero ver os olhos do papá e da mamã a sorrir nessa cara linda, que só poderás ter.
  • À Fifi que está em São Tomé: E que nos escreve e-mails em forma de crónica a contar as estórias recambulescas que ocorrem no coração de África. Enquanto primas mais velhas sempre levámos a responsabilidade de tomar conta e mandar dos pequeninos e agora, com mais pequeninos a caminho, no lado oposto, deixas-me prima mais velha, cheia de ciúmes, do verde efervescente de África. Sabemos que vais voltar com uma bagagem diferente da que levaste, provavelmente mais leve, mas preciosa. Aguardo a volta do correio e a visita do Natal, enquanto me lembro de como cantávamos Laura Pausini agarradas à capa do CD, com as mãos a segurar um microfone imaginário.
  • Ao V. que está no Texas, mas já esteve em Luanda: Raio do homem tem bicho carpinteiro.. Quando chegares a Portugal vai a Fátima na ponta da língua agradecer a santa F. que tens como namorada, que se fosse eu... Tenho saudades das tuas parvoíces e dos teus planos mirabolantes para o que quer que se faça. Vamos mandar uma carta à Oprah para ver se ela te traz de volta depressa. Dos restaurantes esquisitos e de me emprestares Cd's (muitos deles ainda tenho aqui), e das festas e de me teres acolhido no teu grupo de amigos como que sempre tivesse estado ali. Foste aquele que me aturaste e me deste esperança, quando mais precisava. Tenho muitas saudades tuas e gosto muito de ti.
  • À J. que está em Dili: E que do fim do mundo nos escreve crónicas deliciosas e nos maravilha com fotografias sempre inesperadas, dando-nos a conhecer o fim do mundo. Saudades dos lanches na copa e nas conversas à porta do escritório que nos faziam querer ficar mais um pouco, antes do regresso a casa. Que essa experiência fortaleça ainda mais a tua personalidade vencedora e o vosso amor-modelo, e que tragas tudo isso de volta para partilhar connosco.
  • À S. que vai-e-não-vai, vai a Angola: E que me leva como companhia de viagem, quando a Internet funciona, que a vida de rotator não é nada fácil. Temos sempre saudades da tua frontalidade irónica e do teu sorriso cada vez que estás lá fora.
  • À C. que está em Macau: E que também escreve e partilha connosco as maravilhas asiáticas e do amor, que gosto de ler por ter a compreensão de que viu os filmes que eu vi. Vai escrevendo mais que temos saudades.
E a todos os outros, dos quais não me esqueci...

Obrigada por me fazerem viajar convosco e por me levarem na bagagem do pensamento. É assim que eu ganho mundo todos os dias.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Como esquecer alguém (Parte II)

3. Fazer uma fogueira e queimar os despojos: Não dá para viver rodeada das coisas que ele deixou, dos bilhetinhos ou sms que nos escreveu, das fotografias, emolduradas na nossa alma, parede ou telemovel. Enquanto não conseguimos tirar a imagem embutida na alma, há que arrancar das paredes todas as marcar e premir a tecla delete as vezes que forem necessárias. Faça-se um magusto e salte-se a fogueira desses despojos. Eu levo isqueiro. Prometo comparecer e festejar. E depois até podemos arranjar um lugar bonito para depositar as cinzas (talvez um fossa, ou coisa do género). Queime-se tudo, rasgue-se mais. Só custa mesmo começar mas depois o alívio é maior. E com as lágrimas que caiem, caiem também os sonhos despedaçados que insistíamos em guardar... Esta medida é dura, das mais duras mas é também, a mais eficaz.




4. Emigrar: Se tiverem possibilidade de o fazer, não pensem duas vezes. Emigrar é fugir com classe porque temos sempre uma óptima desculpa, como um mestrado ou um emprego importantíssimo. "Estás a ver como não preciso de ti para nada? Estás a ver o quão independente e livre sou?" Oh yeah, é esse o sentimento. E se puderem escolher, vão para longe, sendo que longe é o suficientemente afastado para necessitarmos de um voo intercontinental para chegar lá. Conheçam novas pessoas por forma a relembrarem o que já não sabiam: há tanta gente no mundo espectacular: homens e mulheres que valem a pena conhecer e que não vão desperdiçar o nosso tempo, mas sim, dar-nos instrumentos para a vida. É claro que se for para um sitio quentinho e paradisíaco, ajuda ainda mais! E eu vou ficar ainda mais contente quando vos fizer uma visita.




(to be continued...)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Como esquecer alguém (Parte I)

Este texto já foi escrito por Miguel Esteves Cardoso e não tenho pretensões de fazer melhor. Tenho apenas ideias a acrescentar, que penso poderem ajudar those in need (vocês sabem quem são: os de coração apertado e lágrima fácil, nos últimos tempos). Como daquelas pessoas que choram por osmose, por não aguentar ver mais tristeza nos olhos de quem é meu, tenho todo o interesse em que sigam estes conselhos não solicitados.
O MEC diz com razão que se tem de esquecer devagar, não há outra forma, que isto do esquecer depressa não funciona e, normalmente, dá mau resultado. Portanto, os conselhos de amiga que aqui deixo são para se manterem no tempo, na lentidão dos dias que passam ainda mais devagar para os que sofrem de saudade e incompreensão. São para ir fazendo, sem desistência, todos os dias, durante muito tempo, até que se esqueçam porque o fazem.

Tudo isto ajuda, evita que piore, eu sei lá.. Nunca tive jeito para esquecer quem amo e por isso sei pelo que passam agora, na incredulidade de quem não sabe como vão conseguir. Mas sei que estes conselhos me ajudaram, e tornaram o caminho mais fácil, quando foi preciso. Assim, desejo-vos toda a força do mundo, sabendo que estou à distância de um telefonema. This too shall pass é um bom mantra para entoarem mentalmente nesta maratona. Agora, só falta porem-se ao caminho.

1.   Mudar a discografia: É imprescindivel! Não dá para continuar a ouvir os cds que ambos partilharam e não dá para arriscar ouvir rádio e apanhar a vossa música pelo caminho.. é logo um dia que fica todo estragado. Portanto, falem com vossos amigos e perguntem o que é que eles andam a ouvir. Experimentem música nova, mas que estejam dispostos a perder durante uns tempos. Nestas alturas, não dá para ouvir o CD preferido porque vão perder as suas músicas durante muito tempo. Já todos perdemos músicas, músicas que foram nossas e que agora já não conseguimos ouvir... Umas são recuperáveis mas outras, pela impenetrável conexão que têm com as memórias que não se querem ter, perdem-se para sempre.. E por isto, música étnica é, para mim, a melhor opção. Traz-nos o calor de lugares distantes, num ritmo animado e numa língua imperceptível.. ideal para não começarmos a fazer conexões entre a letra e a nossa vida.



2.   Cortar o cabelo: Esta é, normalmente, a primeira medida a tomar quando desejamos mudar de vida, ser diferentes do que somos e, por isso, é das coisas mais adequadas para fazer em época de sofrimento. Nesta época, não nos reconhecemos, nem reconhecemos a nossa vida, portanto uma mudança razoavelmente radical pode ser um óptimo alicerce para o desconhecimento instalado. A mudança na aparência traz consigo uma aparência de mudança, e de fora para dentro, a mudança vai acontecer. Tudo começa com um bom corte de cabelo.. Sim, tem de ser bom.. Cortes de cabelo auto-destrutivos estão proibidos nesta fase (nada de rapar ou pintar de azul). Por isso, larguem a tesoura de cozinha que já estava na vossa mão e vão-se por bonitas.




(To be continued)