segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Do Seu (Meu / Nosso) Jorge

Em 2006, na preparação de mais um Sudoeste com o gang, fui perscrutar o cartaz para tentar compreender o que daquela lista de nomes interminável valia a pena ouvir. "Encontrei" as músicas dos artistas que achei valerem a pena e gravei um CD para ouvirmos a caminho, no estágio de mais um verão que ficou marcado na história da minha vida. Seu Jorge constava da referida compilação. O gang ouviu e aprovou e assim, no dia e à hora marcada, lá estávamos nós, na tenda alternativa com mais 40 pessoas, mesmo ao início da noite.
 
O Seu Jorge decidiu, de cigarro da boca, abrir as hostilidades com um "Não vou nada bem" a roçar o metal, alternado com dezenas de palavrões berrados desafinadamente ao microfone. As minhas amigas ficaram em pânico. Era a tenda alternativa e ali já tinha visto bem pior. E por isso, foi de braços abertos que nos deixámos ficar e recebemos, em primeira mão, um pequeno grande concerto de um músico a seguir. A honestidade da sua desafinação rouca lançada com toda a liberdade no perfeito compasso do funk, samba e mpb, prendeu-me para sempre àquele preto magricela, fazendo dele o Meu Jorge. E desde aí, alguns albuns e outros tantos concertos mais tarde, continuo fiel.
 
Mais uma vez, este ano, numa arena onde cabiam 50 tendas alternativas, lá fui ouvir o meu Jorge que já não era só meu mas de um mar de gente. É um facto, meu Jorge virou moda mas nem isso me impediu de ir vê-lo.
 
E amei cada segundo. Cada balada, cada minuto dos trinta que demorou a recitar mais um texto interventivo, como é habitual nos seus espectáculos.
 
No entanto, à minha volta, multiplicavam-se as expressões de tédio e de arrependimento, porque é que a seca do preto não se cala e toca qualquer coisa para a malta dançar. Tentei não ligar e segui gritando e cantando com o resto dos meus pulmões a alegria que queria manter e contagiar, apesar de tudo.
 
Com a "Burguesinha" e a "Amiga da minha mulher" meu Jorge falou ao coração das massas e as massas responderam na excitação de mais uma música de verão. No entanto, meu Jorge é mais do que duas músicas óptimas para soltar o pandeiro. E isso causou desilusão à burguesia que ansiava dançar repetições da mesma fórmula de seu sucesso. Mas meu Jorge é o Jonhy Depp da música brasileira, que apesar dos blockbusters que lhe trazem muito dinheiro, o qual agradece, não se conforma ao que esperam dele e mantem-se inalterado no talento da sua honestidade atroz.
 
Desde o tive razão, ao menino que vende balas no trem, tudo era tão bom que a minha voz exultava de alegria por saber o privilégio que era lá estar com ele. Já mais para o fim, antes dos hits da noite, ele cantou só mais uma balada, a minha balada, Life on Mars, um cover adaptado para português da música de David Bowie e que faz parte da delícia de filme que é o Life Aquatic. E que, salvo erro, nunca tinha feito parte dos seus alinhamentos nos concertos em que estive presente.  Aquilo era meu Jorge, exatamente à minha medida e eu estava feliz.
 
E o que dizer da ressaca do concerto, quando no dia seguinte a burguesia em peso critica o meu Jorge por ele ser exactamente o que ele, tornando viral um downgrade de Bestial a Besta, literalmente da noite para o dia?
 
Quase nada. É um misto de tristeza por não o compreenderem e não saberem o que perdem; de indiferença, porque sei que é para o lado que o meu Jorge dorme melhor; e de alegria, porque sei que no próximo concerto a burguesia que foi desta vez vai ficar em casa, e pode ser que assim sobre alguma cerveja. Independentemente do local do próximo concerto do meu Jorge, sei que lá estarei.
 
Porque quem gosta, gosta sempre. Enjoy!
 
 
 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Da escrita...



Com catorze anos as pessoas já tinham computador e jogavam Prince of Persia. Mas o que eu queria mesmo era uma máquina de escrever. Foi dos melhores presentes que alguma vez recebi, sendo o meu maior tesouro. Actualmente, tendo abraçado a tecnologia, olho com nostalgia para o tempo em que premia as duras teclas da Olivetti, com o cuidado de não me enganar e ter de começar de novo. Hoje em dia tudo pode ser reescrito, corrigido, alterado, apagado. Naquela altura, as coisas eram mais permanentes, com tudo de mau e de bom que isso signifique. Mas uma coisa permanece, independentemente da tecnologia... A vontade inultrapassável de jorrar pensamentos no papel, seja físico ou virtual. A necessidade de soltar as palavras de dentro para fora, como se me faltasse o ar. O desejo que estas vivam depois de mim. O amor pela escrita fez de mim o que sou hoje, fez-me optar por um caminho que talvez não fosse o melhor para mim. E ao olhar para a Olivetti vejo um monumento do que fui e do que sou e do que não pode nunca ser esquecido. Eu sou na escrita e a escrita é em mim. E por muito que a falta de tempo oblitere este meu amor, sei que, mais cedo ou mais tarde, posso e vou voltar a ela. Porque nas palavras encontrei o amor da minha vida. 

Bridget trying to survive in Africa ou como NÃO conduzir pela esquerda




A ideia nunca foi eu conduzir em África. As estradas são uma confusão, o volante era à direita, a condução à esquerda, tal como o manípulo das mudanças, o meu namorado já não gosta da minha condução em Portugal, quanto mais com tudo ao contrário e eu, não fazia mesmo questão nenhuma de jogar à pista de obstáculos, qual jogo da playstation, mais difícil de sempre. T.I.A.

No entanto, os táxis tinham preços absurdos e nós somos de passear portanto, resolvemos, naquele domingo, logo à chegada do aeroporto, alugar o carro mais barato que lá tivessem e fazer-nos ao caminho.
 
So far so good. O meu namorado apesar de ser um bocado distraído, o que não convém nada, principalmente naquelas estradas, lá se foi desviando das crianças que se atravessavam, dos cães que tinham elegido a estrada como the place to be, dos carros estacionados na faixa de rodagem, das valas de 1 metro de profundidade nas bermas, nas quais me visualizei a cair vezes sem conta. Com o coração na boca lá fui, tentando manter o silêncio e rezando a todos os deuses locais para que chegássemos vivos ao destino. E ao fim de uma hora de curva e contra curva conseguimos. Julgava eu que o pior já tinha passado. Mas não.

Passado dois dias fomos a Port Louis sendo que a viagem de ida, comparada com a anterior, foi um passeio no parque. As estradas para Norte eram relativamente melhores passando por muito menos povoações e apenas quando chegámos à cidade é que nos infiltrámos no caos instalado, durante uns 20 minutos, até percebermos que tínhamos chegado ao nosso destino e arranjarmos um parque onde estacionar. O regresso foi um pouco pior... À noite, sem iluminação, foi bastante mais difícil reconhecer o caminho de volta sendo que só tínhamos um mapa turístico como companhia, onde a maior parte das estradas e localidades não tinham lugar. Tentámos orientarmo-nos pelas estrelas e pela geografia das montanhas até que com a ajuda de algum sentido de orientação (graças a Deus que andei 12 anos nos escuteiros) e de sorte, reconhecemos um monumento Hindu que já fazia parte do meu portefólio de fotografias da paisagem, desde essa manhã. Mais uma vez, o alívio da chegada era atroz.

Porém, tudo estava prestes a mudar. Quinta-feira decidimos ir conhecer as Tamarin Falls, uma série de sete cascatas localizadas no sudoeste da ilha, junto a Le Morne, paisagem considerada património mundial pela Unesco. Depois de atravessarmos a ilha de um ponta à outra chegámos ao cume da montanha de onde a água caía e encontramos um senhor que nos perguntou se queríamos ver as cascatas. Quando respondemos que sim aquele limitou-se a dizer follow me com uma pronúncia afrancesada e nós limitámo-nos a segui-lo.

Nisto, começámos a descer pela selva, assentado os pés entre rochas e raízes cobertas de lama e agarrando todas as lianas ou ramos que pudessem abrandar a nossa descida. Começava a ser picada por insectos e indagava que a aventura poderia acabar com o nosso suposto guia a raptar-nos para nos vender em partes. Até que chegámos à primeira cascata. Uma vista de cortar a respiração, especialmente para quem se debruçou naquele parapeito natural que me fazia tremer os joelhos só de imaginar. Ainda assim, mantendo-me uns passos atrás, a uma distância segura, respirei fundo aqueles segundos de felicidade. Depois, esta sensação repetiu-se quatro vezes mais nas cascatas seguintes até que me apercebi as horas que eram e decidimos fazer o caminho de volta.

De volta ao terceiro patamar, informámos o guia que gostávamos de tomar banho nas cascatas ao que este assentiu e disse que aquele era um bom lugar para fazê-lo. O meu namorado que queria mergulhar, perguntou ao guia se era seguro saltar para a água ao que ele respondeu que sim. Só depois de ver a cara com que o meu namorado emergiu da cascata é que concluímos com toda a certeza, que o guia não percebia uma palavra do que lhe tínhamos dito. Ele estava cheio de dores, algo se tinha passado..

Saiu da água e o pé, apesar de a água estar gelada, já estava o dobro do tamanho. Vestimo-nos a correr e ele começou a escalada que ainda era longa até ao topo da montanha onde tínhamos estacionado o carro, antes que a adrenalina se fosse e as dores se instalassem. Eu fiquei para trás à espera do guia, que resolveu entrar na água com todos os cuidados e banhar-se. Finalmente chegámos ao carro e ele, mesmo cheio de dores, insistiu em conduzir em direcção ao hospital mais próximo. Pequeno pormenor, não fazíamos ideia onde é que era, mas isso não é nada relevante.

Ao fim de uma hora e meia, a noite tinha caído, eram seis da tarde e chagávamos ao hospital público de Rose Belle, zona indiana, que nos tinha sido indicado como o melhor. Apesar das dores, o medo era ainda maior e o meu namorado tinha conduzido até ao hospital, sem sequer se queixar. Entrámos no hospital, eu a fazer papel de moleta e o meu namorado de sassi perere. Ele foi levado imediatamente de cadeira de rodas, eu fiquei a fazer o check in, e quando me juntei a ele na sala de triagem, já tínhamos cinco médicos à nossa volta a tentar fazer o diagnóstico. Éramos os únicos caucasianos no hospital, sendo que os únicos caucasianos na ilha eram turistas e normalmente não saiam do resort. Depois de termos contado como é que aquilo tinha acontecido, e de termos causado o momento de diversão da semana da equipa médica, resolveram, dado que iríamos fazer um voo de 12 horas em 2 dias, colocar gesso no pé abatatado, não fosse o diabo tecê-las. Durante esse processo perguntaram de onde vínhamos. O meu namorado, homem de pouca fé disse Europe, na certeza de que nas Maurícias nunca tinham ouvido falar de Portugal, mas eu, concretizei, We're from Portugal, e eis o nosso espanto quando os médicos, para além do típico Cristiano Ronaldo, disseram que tínhamos um óptimo Inglês para Portugueses. Para além disso tivemos direito a uma aula de história, as Maurícias foram descobertas por Portugueses. Porém, não tendo dado a importância devida àquele paraíso, deixamos os créditos e ocupação, aos holandeses.

Meia hora depois, já com a receita aviada, e sem pagar um único tostão, saímos felizes do hospital dada a simpatia e profissionalismo nada expectável num hospital de terceiro mundo. Mas o grande problema surgia agora. Nem pensar que o meu namorado ia conduzir com gesso e por isso, cabia-me a tarefa hercúlea de nos fazer chegar sãos e salvos ao hotel, a cerca de uma hora de distância.

Problema número dois: sou míope e não levei óculos para férias, não ia propriamente precisar deles, pensava eu. Problema número três: iluminação pública nas ruas e estradas não existe. Não ia ser nada fácil mas não havia outra opção. Liguei o carro, com a mão esquerda encaixei a primeira e com a mão direita tentei ligar o pisca, sendo que, em vez disso liguei o limpa pára-brisas. Espectáculo.

Lá seguimos então, pela esquerda, o meu namorado a ver-se dentro da berma com o carro capotado, e eu a visualizar a mesma imagem cada vez que ele gritava olha a berma!!. Tensa como nunca estive, as dores nas costas e no pescoço instalada, e eu não via nada à frente. Pior que conduzir na escuridão, só mesmo conduzir na escuridão a ser encandeada pelos carros que vinham em sentido contrário. Fuck!! Fazer rotundas ao contrário até foi divertido até perceber que as prioridades era todas ao contrário. Já tinha passado uma hora e ainda devíamos estar a meio do percurso. Saímos da estrada principal e virámos para o caminho que nos levaria ao hotel, caminho esse onde as aldeias de beira de estrada se repetiam, tal como todos os perigos que elas traziam: crianças, cães, pessoas, carros parados, ultrapassagens violentas (porque ninguém tinha paciência de conduzir atrás do nosso carro por mais de 1 minuto). As lombas nível 8 na escala de Isaltino também não facilitavam. Para além de tudo, quando me apercebia que vinha um carro na direcção contrária e que em breve deixaria de ver, parava o carro - antes isso do que me capotar o carro no meio do nada ,julgava eu. Mas cada vez que parava o carro, a certeza no meu namorado de que eu não conseguia ver um elefante à minha frente (o que era verdade!), crescia, na mesma medida que o seu pânico se instalava, tal como o meu.

Ao fim de duas horas, a cerca de dez minutos do hotel, passei por um carro que vinha da esquerda que me buzinou. Pois é, ele é que tinha prioridade, mas tudo bem. O meu namorado pediu encarecidamente que eu parasse o carro porque preferia ir ao pé-coxinho. Se não estivesse tão nervosa ter-me-ia rido mas não o fiz. Depois de convencê-lo que chamar um táxi no meio do nada não seria uma boa ideia, lá voltou para o carro e dez minutos depois chegámos ao hotel.

Esta experiência vai definitivamente entrar para as coisas mais "diferentes" que já fiz na vida: conduzir pela esquerda de olhos vendados! - check! Mas a moral da história que retirámos daqui é essencialmente esta: não acreditar nos guias que nos dizem que é seguro saltar para a água antes dos próprios o fazerem e nunca, mas nunca, ir para lado nenhum sem óculos!




 
 
 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Não há longe, nem distância... NOT

Não é a primeira vez que escrevo sobre o tema. A cada dia que passa tenho mais pessoas espalhadas pelo mapa e mais referências que me fazem lembrar todos os dias. Assim, a mera menção a cidades e países que antes não me despertavam qualquer emoção, hoje em dia provocam-me aquele sorriso angustiado que só se sente quando a distância é maior. Sei que é muito português este meu sentir mas, hoje, encontrei um novo nome para o que sinto.
 
Antes, ouvir falar da Bulgária era completamente indiferente, mas hoje, quando acontece, sinto que arrancam um pedaço de mim, pela distância que jaz entre as minhas primas e eu, que insisto teimosamente em não sair do lugar. Mas depois penso que estão todos bem, e que emigrar é preciso e tento acalmar o meu peito com as memórias dos sorrisos e brincadeiras de criança.
 
Hoje, o relato que oiço na rádio do trânsito na VCI e na AeP já não é algo que ignoro mas o momento em que penso apenas nos amigos que fiz naquela cidade que me soube acolher tão bem, durante os meses em que passeie intermitentemente nas suas ruas e na amiga que trocou Lisboa por aquela cidade. Mas depois penso que não estamos assim tão longe e que vamos ter mil e uma oportunidades para nos  reencontrar e repetir as gargalhadas e cigarros... e tento anular a minha vontade de me meter no Alfa e partir.
 
Actualmente, quando se fala em Angola, saltam-me no estômago vinte nomes de amigos que me fazem tanta falta aqui perto. E depois penso que eles estão a fazer a coisa certa e embriago-me na esperança do regresso, contando os meses e anos que correm no calendário, uns dias mais depressa e outros nem por isso e tento pensar noutra coisa qualquer, sem resultado visível que não a impaciência.
 
A saudade enche-nos a alma porque é a maior demonstração de que sentimos, de que somos gente e de que estamos a fazer qualquer coisa bem, porque o amor que temos saiu de nós e está espalhado por aí. Na realidade e infelizmente, passo meses sem ver os que amo, mesmo quando estes estão perto, o que é a maior estupidez que faço no repetir desperdiçar dos meus dias. Mas a vida tem destas coisas e a única coisa que nos resta é não desistir. Mas quando a distância é maior, a saudade ultrapassa-se a si mesma e transforma-se em lonjura que não é mais do que a falta que sentimos mais a impossibilidade de ser para breve o reencontro. E dói.
 
 "Não há longe nem distância" sempre foi um dos meus motes, porque sempre me significou que nada é impossível quando se quer muito, quando se ama muito. Porque quando assim é, mesmos nos confins da terra, trazemos quem nos faz falta sempre connosco, mesmo quando partem sem regresso.
 
Hoje, porém, não é um desses dias. Porque há dias em que a alma está do avesso e a distância magoa e aperta no peito quando tentamos respirar.
 
Por isso, hoje, sinto que há demasiado longe e distância a mais, entre mim e aqueles pontos no mapa que me fazem sorrir. Por isso, à pergunta o que sentes, hoje não respondo borboletas. Respondo que sinto lonjuras. Respondo que sofro de distâncias.
 
 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Service with a :)

 
 
Gosto de fotografar autocarros.
Cada autocarro tem o seu percurso e em cada uma das suas paragens, embutidas na paisagem que insiste em fugir, recolhe as estórias que os seus passageiros trazem na bagagem. Talvez seja por isso... E pelas cores.
 
Por outro lado, e quem me conhece sabe disto, gosto de sorrir.
Por tudo e por nada. Com ou sem razão. Não custa nada, não paga imposto e tudo o que é feito a sorrir é feito melhor.
 
Este autocarro fazia o percurso até Port Louis com um sorriso e eu não resisti. Enjoy!
 
 
 
P.S.: Mais sobre a condução nas Maurícias no próximo episódio do momento Bridget.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Será pedir demais?

 
Querer tornar o sonho realidade
olhar nos olhos e encontrar verdade
aquele desejo no peito a arder
e o mesmo respirar
e o mesmo riso, a mesma vontade
Que é tão fácil que parece engano,
que é tão bom que assim não pode ser,
que é tão doce que apetece fugir
E nunca mais voltar
 
Será pedir demais?
 
Será para sempre assim tanto tempo?
Será coragem o meu grande alento
ou uma espera que não tem final?
E o tempo a não correr
No teu balanço, no nosso compasso
Ainda sinto as tuas mãos em mim
ainda lembro do corpo a tremer
correndo devagar naquele abraço
como se a pressa fosse uma ternura
como se amar fosse uma aventura
e o impossível outra coisa qualquer
 
 Será pedir demais?
 
Será que querer tudo é pedir demais?
Será não ter a forma de viver?
Será que o vento não é mais que ar?
Mas se não peço não vou receber
E se o faço já perde o valor
E enquanto espero já não sei querer
Quero voltar atrás
Com a alegria e com a certeza
de em tudo crer e tudo ser maior
E de o futuro estar ainda longe
e nunca mais chegar
 
Será pedir demais?
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

E o melhor do mundo esteve assim:



Mais uma vez, junto ao palco, tive a felicidade de partilhar este momento de um talento extraórdinário. Sim, sou groupie de Jamie Cullum, há pelo menos 8 anos, e não podia ter mais orgulho. É impossível não o ser. Ele não dá qualquer hipótese. Enjoy, as I most certainly did!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Staying Alive 2013


Sim, existem músicas que têm a habilidade de nos dar vontade de fugir daqui, de entrar no carro e começar a conduzir para longe, com rumo ou sem destino certo, e sem data de regresso. Só nós, a estrada e a música. E os pensamentos vão-se perdendo na estrada, ao longo do tracejado e o vento que entra pelas janelas areja-nos a alma e deixamo-nos ir, com o ritmo frenético num volume ensurdecedor, enquanto sorvemos mais um cigarro.

Sim, existem músicas que nos tiram de nós, levando o que não é nosso, deixando-nos a sós com a nossa humanidade. E aí cantamos, berramos com a voz que nos resta, porque lá no fundo da consciência sabemos que temos de voltar, mas naquele momento o regresso parece distante ao ponto de desejarmos tratar-se de uma viagem sem regresso.

Sim, existem músicas que nos tiram o ar, o chão e dão-nos todo um mundo de possibilidades em troca, se largarmos tudo e formos com ela. E como não podemos, porque a música acaba e a coragem desvanece-se antes do encore, só nos resta recuperar o folego, encher os pulmões como se nos preparássemos para o mergulho mais longo de sempre, e voltar à terra, na esperança de que passe… Com o tempo tudo passa, certo?
Sim, existem músicas que nos enchem a alma e a de hoje é esta. Enjoy!  :)

 


quinta-feira, 20 de junho de 2013

To whom it may concern:


My foreign friends, my Oporto friends [it's almost the same ;)], my Portuguese friends, friends living abroad and Portuguese friends with a lot of friends visiting Lisbon, this may concern you.

This is The new place to stay in Lisbon when you're visiting the most beautiful city on earth!

This is a tastefully refurbished on the 3rd floor of a typical, though, renewed building of the early 1900 with breathtaking view of Tagus river.

The apartment features 2 bedrooms (double beds), one living room, one dining-room, 1 large bathroom, and a fully equipped kitchen.

Amenities include sheets/towels, TV, wireless internet. The apartment has a complete bathroom with bathtub. This 85m2 modern apartment combines the old wooden floors with a modern decoration.

Very well located in a quiet street in the center of Lisbon, nearby most foreign embassies and two minutes walking to several means of transportation, main touristic attractions, several museums and the Tagus riverside, in Lisbon’s refined old town quarter of Lapa.

A few meters from the apartment one can find the best Museums (Museum of Acient Art, for example), one the most beautiful public parks, as well as the famous baroque church Basilica da Estrela. An area full of gardens, cafés, restaurants, bars.

Excellent for families or groups staying a few days in Lisbon's historic centre, where everything is walking distance.

The location is very convenient as most of the sights are within a short distance. The famous tramway old line no.28 and other bus lines are nearly at your door to take you to the town centre as well as to the railway stations that can take you further to the beaches around Lisbon, or to other nice places such as Sintra or Cascais.

Come and discover Lisbon, in a quiet, safe, and truly charming place.

 
 
 
 
 


 













 

terça-feira, 14 de maio de 2013

E pur si muove!




É o amor que nos move... é o amor que faz mover o mundo. Grande parte das nossas decisões passam pelo amor, pela sua busca incansável ou pela sua manutenção.
Por amor as pessoas mudam de país, mudam de emprego, mudam de vida, tornam-se mais bonitas, perdem horas de sono, ficam sem fome ou comem demais, sobrevivem a guerras, passam horas a olhar para o telemóvel, têm ciúmes, fazem cedências, riem sozinhas, falam sozinhas, dão pulos de alegria, vão ver filmes que nunca veriam sozinhas, provam novos sabores, ficam horas à espera, sofrem como nunca sofreram, sentem emoções como nunca sentiram, saem de casa a meio da noite para se encontrarem, percorrem quilómetros, anseiam, desejam, compram flores e presentes, jantam mais do que deviam, choram, sacrificam-se de boa vontade, sentem saudade, cantam no banho, gritam no carro, são pacientes, dançam apesar da vergonha, preterem o orgulho. Se virem bem, as grandes músicas são músicas de amor, os grandes clássicos da literatura narram estórias de amor, os filmes que mais nos tocam são filmes que relatam o amor.
E o amor não se limita ao amor romântico, estendendo-se pela nossa família, pelos nossos melhores amigos, pelos animais, pela nossa pátria, pelo nosso clube, pelo nosso mundo, ou pelo ser humano em geral e suas peculiaridades sempre magníficas. O amor pode ser encontrado onde o decidirmos procurar, num estranho até, em alguém a quem damos um cigarro e nos oferece um sorriso em troca, em alguém com quem partilhamos o elevador, ou no senhor que nos atende de forma simpática na bomba de gasolina. Num uníssono num concerto, no silêncio de uma fotografia, na estática da estrada que passa em frente aos nossos olhos incrédulos, na profundidade da nossa respiração, num abraço forte.
Por seu lado, o dinheiro não nos dá calor, a não ser quando serve para pagar a eletricidade. Pode dar-nos alívio, descanso, segurança ou servir até para pagar entretenimento, ao qual ainda assim, só daremos valor se tivermos a coragem de o partilhar. A carreira é importante mas não nos podemos esquecer que não educa nem acarinha os nossos filhos, nem trata de nós quando adoecemos, nem nos abraça quando estamos tristes. E o poder e a fama de nada servem se chegamos a casa de alma vazia.
 
E nem é preciso tanto para nos distrair. Passamos dias a fio ligados a máquinas como se nos faltasse o ar se não o fizessemos e esquecemo-nos que o que importa verdadeiramente nesta vida não somos nós, é o outro, o sujeito do nosso amor, o espelho que reflete a nossa alegria, para que a consigamos ver. É indespensável tentar lembrá-lo todos os dias se queremos ser capazes de o sentir, de sentir. Porque só o amor é capaz de levar a vida na direção do inesperado. If only we let it.
 
 
 
 

terça-feira, 7 de maio de 2013

The Block - Lisbon Edition




Ainda faltam os retoques finais, mas depois de muita tinta no cabelo, deslocações ao Leroy e Ikea, carregamentos escada a cima / escada a baixo de sacos com coisas e horas na loja do cidadão, it's starting to feel like home.

Tem sido uma renovação low low budget. Mas se compensarem as restrições orçamentais com muita mão de obra, dedicação e simplicidade, tudo se consegue.

Mais novidades em breve.

terça-feira, 19 de março de 2013

Crónica de uma manhã de chuva

 
 
  
     Abro os olhos, na televisão são oito da manhã
         e o teu despertador toca sem sucesso no quarto.
           Acordo, mais uma vez no sofá mas desta vez sem
         o frio habitual que o cão resolveu deixar o melhor
    amigo e fazer companhia à dona por uma vez.
         Ignoro o tocar até porque o braço é curto de mais
   para carregar no snooze e mantenho-me mais
      um pouco no quente desolado do sofá enquanto
         as dores no corpo começam a instalar-se ao ritmo
    da chuva que cai lá fora. 8:45 e já não consigo 
mais ouvir o despertador. Levanto-me, o cão
       levanta-se, entro finalmente no quarto e desligo o
             teu despertador. A cadela dá-me os bons dias a mim
                e ao cão enquanto te pergunto se posso ser a primeira
         a tomar banho e tu dizes sim mas depressa, ainda
       a dormir e maldisposto, provavelmente por causa
             de alguma coisa que te disse num dos meus ataques
                de sonambulismo de sofá que só aparecem quando me
             tentas acordar para levar para a cama. Eu até aposto
         que já nem me tentas acordar, já desististe como te
         pedi, mas sem admissão de culpa continuas a dizer
      que o fazes e que te respondo muito mal de olhos
       bem abertos, tudo para me fazeres sentir culpada
      e fazes, até porque não me lembro de nada e por
        isso, troco o bom dia pelo desculpa não vá o diabo
        tecê-las. Após a contrição, fumo o primeiro cigarro
      entro no banho inundando as ideias e tento que a
água a ferver leve o sono e os desencontros,
     enquanto os cães ladram aos vizinhos que saem
                              sempre antes de nós em direcção ao dia que já começou lá fora.

terça-feira, 12 de março de 2013

Everything you didn't do is standing right in front of you

 
Este spot da San Miguel já tem uns meses mas não consigo cansar-me dele. Tem tudos os ingredientes de um bom anúncio: boa música, mensagem positiva e boa fotografia. A acrescer a tudo o que já referi, tem também o Jamie Cullum.. I rest my case :)
 
 
 
Para além de isto, soube agora que a espera está quase a terminar! Dia 20 de Maio sai o novo CD de Jamie Cullum, que inclui esta música e o mais recente single Love for Sale, standard composto por Cole Porter, one of my favourites too. Enjoy!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Never Homeless..

 
 
Home is not the place where you store your stuff. Home is not the office, regardless the amount of time you spend within its walls. Home is not the city where you were born, or the house where you used to live.
 
 
 
Most of the times, the place we call home is not even a place!
 
 
Sometimes home is just a book, an old song or morning-coffee smell.
 
Sometimes, home is your parents, your children, your grandparents, your brothers and sisters, your cousins, uncles and aunts. Other times, home is your friends or even your pets.
 
Sometimes home is the love of your life, without whom you feel always misplaced in the world. And sometimes home is someplace else.
 
But, if you get really, really lucky, your home is in all the above. The bigger your heart is, the bigger the home.
 
And in that case, no matter where you are, no matter where you stand in life, you must know one thing for sure: you will never be homeless.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

In memoriam...


Se a vida fizesse sentido ou seguisse uma lógica qualquer passível de explicação razoável não era preciso pressa. Podíamos esbanjar os dias agastados com preocupações irrelevantes e consumidos por actividades repetitivas e banais com o objectivo ilusório de chegar a um lado qualquer. Podíamos zangar-nos uns com os outros por motivos estúpidos, dar importância ao que não interessa e levar uma vida de frugalidade vã. Podíamos viver agarrados aos nossos medos, submergidos nas nossas rotinas e adormecidos pela tecnologia.
Mas a vida segue uma lógica completamente deturpada e leva mais cedo os que fazem mais falta, sem qualquer aviso ou razão. E o tempo… Esse fica sempre aquém do necessário para podermos criar todas as memórias e viver todos os momentos que eram nossos e que nos são arrancados, juntamente com os nossos planos, para o lugar onde habitam os sonhos por sonhar.
E por isso, enquanto é tempo é preciso dar valor a todos os minutos e amar tudo, dar todos os beijos e todos os abraços. Enquanto é tempo é preciso sorrir sempre, não deixar passar nenhum pôr-do-sol, nenhum jantar, nenhum copo de vinho verde ao som de Caetano e outros que tais. É preciso não deixar nada por dizer, mergulhar em cada onda, apanhar cada reflexo e cada brisa no verão. É preciso ler, cantar, viajar e não deixar nada para amanhã, nem a reconciliação, nem aquele sorriso, nem aquele telefonema, nem aquele encontro. Enquanto é tempo é preciso fotografar, é preciso escrever, é preciso rir, dançar, dar alcunhas, tomar banhos de mangueira no terraço e passar noites ao relento na praia. É preciso acordar cedo, agarrar oportunidades, apanhar sol, andar à chuva e fumar cigarros. Enquanto é tempo, é preciso acarinhar os amigos e a família e nunca deixar palavras de afecto para amanhã.
Porque um dia o tempo acaba-se e o que fica (o que importa) são as gargalhadas, as músicas, as brincadeiras de criança, os jantares e os dias de sol. E as saudades imensas e inultrapassáveis, que ficam para nos lembrar de que não há tempo a perder.  
 
In memoriam
Francisco Barbosa, meu primo, que viveu de sorriso na cara, com essa pressa voraz de viver, de amar e de fotografar. Da última vez que o vi, a felicidade brotava-lhe dos olhos e do sorriso. Estava apaixonado. Disse-me que estava muito contente por me ver (e eu a ele)… Deu-me um abraço forte e sorriu.

É sempre assim que o vou recordar, na certeza de que ele queria que usássemos esta saudade imensa para não esquecer de dar valor ao que interessa, para aprender a viver como ele viveu, com pressa, enquanto é tempo.
 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Mais um ano..

...E continuo a ser a mesma. A alma permanece inalterada, os princípios inabaláveis, a fé invicta, o sorriso persistente. Tudo o que sou mantém-se, mesmo quando não é conveniente, mesmo quando seria mais apropriado conseguir ser-se outra pessoa qualquer.
 
As rugas podem querer aparecer, a gravidade pode querer começar a instalar-se, mas quem  verdadeiramente sou, transporto comigo sempre.
 
E é nesta condição que aceito mais um ano, mais uma vela, mais um cabelo branco, na confiança de que o que conta "in the long run" é o que está por dentro.