Não é a primeira vez que escrevo sobre o tema. A cada dia que passa tenho mais pessoas espalhadas pelo mapa e mais referências que me fazem lembrar todos os dias. Assim, a mera menção a cidades e países que antes não me despertavam qualquer emoção, hoje em dia provocam-me aquele sorriso angustiado que só se sente quando a distância é maior. Sei que é muito português este meu sentir mas, hoje, encontrei um novo nome para o que sinto.
Antes, ouvir falar da Bulgária era completamente indiferente, mas hoje, quando acontece, sinto que arrancam um pedaço de mim, pela distância que jaz entre as minhas primas e eu, que insisto teimosamente em não sair do lugar. Mas depois penso que estão todos bem, e que emigrar é preciso e tento acalmar o meu peito com as memórias dos sorrisos e brincadeiras de criança.
Hoje, o relato que oiço na rádio do trânsito na VCI e na AeP já não é algo que ignoro mas o momento em que penso apenas nos amigos que fiz naquela cidade que me soube acolher tão bem, durante os meses em que passeie intermitentemente nas suas ruas e na amiga que trocou Lisboa por aquela cidade. Mas depois penso que não estamos assim tão longe e que vamos ter mil e uma oportunidades para nos reencontrar e repetir as gargalhadas e cigarros... e tento anular a minha vontade de me meter no Alfa e partir.
Actualmente, quando se fala em Angola, saltam-me no estômago vinte nomes de amigos que me fazem tanta falta aqui perto. E depois penso que eles estão a fazer a coisa certa e embriago-me na esperança do regresso, contando os meses e anos que correm no calendário, uns dias mais depressa e outros nem por isso e tento pensar noutra coisa qualquer, sem resultado visível que não a impaciência.
A saudade enche-nos a alma porque é a maior demonstração de que sentimos, de que somos gente e de que estamos a fazer qualquer coisa bem, porque o amor que temos saiu de nós e está espalhado por aí. Na realidade e infelizmente, passo meses sem ver os que amo, mesmo quando estes estão perto, o que é a maior estupidez que faço no repetir desperdiçar dos meus dias. Mas a vida tem destas coisas e a única coisa que nos resta é não desistir. Mas quando a distância é maior, a saudade ultrapassa-se a si mesma e transforma-se em lonjura que não é mais do que a falta que sentimos mais a impossibilidade de ser para breve o reencontro. E dói.
"Não há longe nem distância" sempre foi um dos meus motes, porque sempre me significou que nada é impossível quando se quer muito, quando se ama muito. Porque quando assim é, mesmos nos confins da terra, trazemos quem nos faz falta sempre connosco, mesmo quando partem sem regresso.
Hoje, porém, não é um desses dias. Porque há dias em que a alma está do avesso e a distância magoa e aperta no peito quando tentamos respirar.
Por isso, hoje, sinto que há demasiado longe e distância a mais, entre mim e aqueles pontos no mapa que me fazem sorrir. Por isso, à pergunta o que sentes, hoje não respondo borboletas. Respondo que sinto lonjuras. Respondo que sofro de distâncias.
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