segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Todos os dias são de partida para o lugar onde nunca me vejo chegar...

Partir, dividir em partes; quebrar; sair.

Vou-me dividir em partes... A parte do que sou no agora, que fica para trás, e a parte do que serei nos dias que se aproximam, já que nunca somos os mesmos em cada lugar. No regresso (sim, porque toda a partida implica um regresso) da soma das duas partes resultará um eu diferente que um dia também será parcela da soma de um regresso qualquer.

Vou-me quebrar... O caco de mim que não interessa vai ficar na gaveta à espera da reconstrução. E com a liberdade de estar aos pedaços parto leve em busca de peças alternativas que possam cá encaixar.

Vou sair... Porque a casa tem tempo para esperar por mim e eu não tenho tempo para ficar à espera. Vou deixar o que conheço em direcção ao inesperado porque a monotonia cansa e o trabalho doi.

Mas vou voltar... Porque tanto a partida como o regresso fazem parte do eterno retorno que é a vida (ou que devia ser). E Porque uma sem a outra deixava de fazer sentido e perder-se-ia a doçura do dia de amanhã.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

"Cigarro pensativo"

«Os olhos olham e por verem tão pouco procuram o que deve estar faltando e não encontram.»

José Saramago in Jangada de Pedra

(fotografia por Dolibaby)

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Ressaca

Após uma semana de férias, a primeira, voltei à base. Tinha roupa para lavar, tinha saudades de escrever.

Estive errante pela costa Alentejana e nómada de mim mesma fui "recolectando" novas memórias de novos momentos, de novas pessoas, novas respostas. As perguntas, essas, mantêm-se iguais.

O sol e o mar fizeram-me bem à alma. A chuva nem por isso. Mas a música abriu-me o horizonte e fechou abismos dentro de mim. E por entre muitos copos meio cheios de muitas garrafas meio vazias ia-me desencontrando do martírio de estar sozinha no meio da multidão e descobrindo sorrisos perdidos e abraços suspensos.

Por tudo isto e por tudo mais, é óbvia a razão da minha ressaca neste já esperado mas não permanente regresso a casa.

Porque a ressaca não é mais do que aquilo que nos acontece quando queremos mergulhar na onda que se aproxima e levamos com a anterior nas costas.