No início dos 40 dias de
quaresma, que representam os 40 anos de caminho do povo judeu e os 40 dias de
jesus no deserto, somos relembrados, mais uma vez, da nossa insignificância e
fragilidade.
Somos todos pó, átomos de carbono,
oxigénio, nitrogénio, hidrogénio, fósforo e no meu caso nicotina, que se vão
agrupando segundo regras invisíveis às quais somos totalmente alheios. Nascemos
do pó, voltaremos ao pó, e nos entretantos vamos pagando impostos, são estas
as nossas únicas certezas.
De resto nada é certo, nem a
hora em que tudo acaba, nem o lugar, nem a razão. Somos pó, e quando somos
confrontados com essa realidade, quando nos lembramos que o somos, os nossos
alicerces estremecem e durante uns tempos tentamos perceber o sentido.
E não chegamos a conclusão
nenhuma, porque não há sentido algum, restando-nos apenas ir vivendo, na
esperança, de que do pó renasça uma fenix e de que um dia possamos estar todos juntos
outra vez.