Ninguém está livre de romper, descoser e rasgar roupa. Acontece, basta usá-la. Desde bainhas descosidas, a casacos sem botões, fechos partidos, colchetes misteriosamente desaparecidos, rasgões provavelmente sem reparação, pequenos buracos de cigarros, malhas repuxadas, peças largas de mais e alças soltas.
Inevitavelmente, ao fim de algum tempo, vão-se acumulando peças no fundo no armário à espera que alguém pegue nelas para lhes dar vida de novo. E enquanto isso não acontece, ficam ali, no escuro, no fundo do armário, à espera que alguém tenha paciência para tratar delas.
A verdade é que eu até sei coser. Mas falta-me o tempo e a disponibilidade para me sentar, de agulha e linha na mão, a coser tudo o que tem de ser remendado, como se tivesse todo o tempo do mundo, como se não houvesse mais nada urgente para tratar. E no procrastinar, vou ouvindo esta música que é tão bonita que até faz a costura parecer uma tarefa fácil.
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