quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Intermezzo


Enquanto pondero variáveis a cada passo que dou nesta calçada de lisboa, com medo de errar o passo, de tropeçar, de me perder entre caminhos e atalhos, de entrar em becos sem saída… enquanto o medo me congela várias vezes o andamento e das outras vezes me faz acelerar em busca de algo que não sei o que é, uma explicação ou lógica talvez, uma porta entreaberta ou uma janela encostada, há quem se encontre num intermezzo a aguardar por um sinal qualquer da graça de Deus, há quem lute pela vida no sentido mais cruel da expressão, numa cama de hospital, com o coração nas mãos e a coragem no peito e no sorriso, que aposto que se mantém.

A cada passo que dou neste meu percurso, no caminho profissional e pessoal, que às vezes é mais tortuoso do que o previsto, penso nestas partidas que a vida nos vai pregando sem avisar, e no sentido que tudo isto tem (ou não) e se vale mesmo a pena.

A cada passo que dou rogo para que tudo se resolva, para que este intermezzo na vida de quem está à espera de saber se pode continuar seja breve. As minhas angústias são fúteis em comparação com as angústias de quem tem filhos para criar e não sabe se o vai poder fazer ou se vai ter de o fazer sozinho. E por essa razão, nos últimos tempos os meus passos, preces e pensamentos são dedicados a ela e a quem está como ela, a fazer contas aos dias e às horas. Que este intermezzo acabe rápido e que um dia, quando olhares para trás, seja apenas uma pequena parte na grande composição musical que é a tua vida.

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