Enquanto pondero variáveis a cada
passo que dou nesta calçada de lisboa, com medo de errar o passo, de tropeçar,
de me perder entre caminhos e atalhos, de entrar em becos sem saída… enquanto o
medo me congela várias vezes o andamento e das outras vezes me faz acelerar em
busca de algo que não sei o que é, uma explicação ou lógica talvez, uma porta entreaberta
ou uma janela encostada, há quem se encontre num intermezzo a aguardar por um
sinal qualquer da graça de Deus, há quem lute pela vida no sentido mais cruel
da expressão, numa cama de hospital, com o coração nas mãos e a coragem no
peito e no sorriso, que aposto que se mantém.
A cada passo que dou neste meu
percurso, no caminho profissional e pessoal, que às vezes é mais tortuoso do
que o previsto, penso nestas partidas que a vida nos vai pregando sem avisar, e
no sentido que tudo isto tem (ou não) e se vale mesmo a pena.
A cada passo que dou rogo para
que tudo se resolva, para que este intermezzo na vida de quem está à espera de
saber se pode continuar seja breve. As minhas angústias são fúteis em
comparação com as angústias de quem tem filhos para criar e não sabe se o vai
poder fazer ou se vai ter de o fazer sozinho. E por essa razão, nos últimos
tempos os meus passos, preces e pensamentos são dedicados a ela e a quem está como ela, a fazer
contas aos dias e às horas. Que este intermezzo acabe rápido e que um dia,
quando olhares para trás, seja apenas uma pequena parte na grande composição musical
que é a tua vida.
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