sexta-feira, 11 de março de 2016

De como amo flamenco - "Jodida pero contenta" de Concha Buika


Jodida pero contenta é uma ode a quem, como eu, já tomou a decisão de desistir, de fechar um capítulo, de sair de algo que não era o melhor para si. A decisão não é fácil mesmo quando ponderados todos os factores. É uma decisão fodida. Mas quando no nosso íntimo sabemos que é a única certa, o mundo tem o condão de nos mostrar, mais cedo ou mais tarde, que a razão está do nosso lado. E com medo, mas com força, o sentimento só pode ser esse: jodida pero contenta!
 
Passado mais de um ano, estou só contenta. Da esperança de o mundo poder ser meu, passei à realidade da alegria. E é também com alegria nostálgica que oiço esta música. Com a alegria que vem da força que tenho, da mulher que sou e do facto de as rédeas da minha vida estarem nas minhas mãos. Sem arrependimentos.

Para a estória da nossa vida ser fantástica, temos de ser nós a escrevê-la. E na minha estória, que aceito na sua totalidade, sem rasuras, já se podem ler muitos capítulos extraordinários. Só espero ter a sorte de poder viver muitos mais, com esta alegria.
 
Enjoy!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Lembra-te que és pó e ao pó voltarás…

No início dos 40 dias de quaresma, que representam os 40 anos de caminho do povo judeu e os 40 dias de jesus no deserto, somos relembrados, mais uma vez, da nossa insignificância e fragilidade.
 
Somos todos pó, átomos de carbono, oxigénio, nitrogénio, hidrogénio, fósforo e no meu caso nicotina, que se vão agrupando segundo regras invisíveis às quais somos totalmente alheios. Nascemos do pó, voltaremos ao pó, e nos entretantos vamos pagando impostos, são estas as nossas únicas certezas.
 
De resto nada é certo, nem a hora em que tudo acaba, nem o lugar, nem a razão. Somos pó, e quando somos confrontados com essa realidade, quando nos lembramos que o somos, os nossos alicerces estremecem e durante uns tempos tentamos perceber o sentido.
 
E não chegamos a conclusão nenhuma, porque não há sentido algum, restando-nos apenas ir vivendo, na esperança, de que do pó renasça uma fenix e de que um dia possamos estar todos juntos outra vez.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Intermezzo


Enquanto pondero variáveis a cada passo que dou nesta calçada de lisboa, com medo de errar o passo, de tropeçar, de me perder entre caminhos e atalhos, de entrar em becos sem saída… enquanto o medo me congela várias vezes o andamento e das outras vezes me faz acelerar em busca de algo que não sei o que é, uma explicação ou lógica talvez, uma porta entreaberta ou uma janela encostada, há quem se encontre num intermezzo a aguardar por um sinal qualquer da graça de Deus, há quem lute pela vida no sentido mais cruel da expressão, numa cama de hospital, com o coração nas mãos e a coragem no peito e no sorriso, que aposto que se mantém.

A cada passo que dou neste meu percurso, no caminho profissional e pessoal, que às vezes é mais tortuoso do que o previsto, penso nestas partidas que a vida nos vai pregando sem avisar, e no sentido que tudo isto tem (ou não) e se vale mesmo a pena.

A cada passo que dou rogo para que tudo se resolva, para que este intermezzo na vida de quem está à espera de saber se pode continuar seja breve. As minhas angústias são fúteis em comparação com as angústias de quem tem filhos para criar e não sabe se o vai poder fazer ou se vai ter de o fazer sozinho. E por essa razão, nos últimos tempos os meus passos, preces e pensamentos são dedicados a ela e a quem está como ela, a fazer contas aos dias e às horas. Que este intermezzo acabe rápido e que um dia, quando olhares para trás, seja apenas uma pequena parte na grande composição musical que é a tua vida.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

In memoriam

As the years go by, I’ve been losing all my references. It's strange to live in a world without David Bowie. I'm getting old and I don't like this feeling of constant loss.

At least music is eternal and we will always have your songs.
So, let's dance.

Rest in Peace David. Your Space Oddity starts now. Thank you for everything.

"Ground Control to Major Tom
Ground Control to Major Tom
Take your protein pills and put your helmet on
Ground Control to Major Tom (Ten, Nine, Eight, Seven, Six)
Commencing countdown, engines on (Five, Four, Three)
Check ignition and may God's love be with you (Two, One, Liftoff)

This is Ground Control to Major Tom
You've really made the grade
And the papers want to know whose shirts you wear
Now it's time to leave the capsule if you dare
"This is Major Tom to Ground Control
I'm stepping through the door
And I'm floating in the most peculiar way
And the stars look very different today
For here am I sitting in my tin can
Far above the world
Planet Earth is blue
And there's nothing I can do

Though I'm past one hundred thousand miles
I'm feeling very still
And I think my spaceship knows which way to go
Tell my wife I love her very much, she knows
Ground Control to Major Tom
Your circuit's dead, there's something wrong
Can you hear me, Major Tom?
Can you hear me, Major Tom?
Can you hear me, Major Tom?
Can you hear And I'm floating around my tin can
Far above the Moon
Planet Earth is blue
And there's nothing I can do."