Desde sempre somos confrontados com binómios antagónicos: O Bem e o Mal, o peso e a leveza do nosso amigo Kundera, o quente e o frio, o ser e o não ser... Mas toda a minha vida o binómio que se apresentou mais complicado de resolver foi o que opõe as diversas perspectivas de a encarar: o copo meio cheio ou meio vazio. Mas será que a escolha resolverá alguma coisa? É que, no fundo e apesar do livre arbítrio, a vida será sempre o meio copo que, incansavelmente, tentamos encher...
terça-feira, 31 de maio de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Shame on you!!
Numa perspectiva puramente abstracta, gosto muito do sentimento/sensação de vergonha. Não existe, ou pelo menos não me lembro, de um sentimento que possa ser mais sincero, inultrapassável e incontrolável que podemos ter, independentemente do tipo de vergonha que estejamos a falar. Chega mesmo a ter vontade própria. Passemos, primeiramente, à classificação:
Vergonha alheia: Sabem aquela sensação que se apodera de nós quando vemos os castings dos Ídolos? É essa a sensação da vergonha alheia. Há quem goste de a ter e se divirta com isso. Os mais moderados e humanos evitam esse tipo de vergonha, evitando todo o tipo de programas televisivos onde participem pessoas sem noção. Vergonha própria (Shame on me): Quando erramos e sabíamos o suficiente para não o fazer, ou quando caímos repetidamente nos mesmos erros, mais do que uma vez, e a culpa não pode ser distribuída a nenhum outro que não a nós, sentimos este tipo de vergonha. É uma forma de auto-condenação que sabemos merecida.
Vergonha própria de terceiros (Shame on you): Quando alguma coisa que alguém muito próximo faz nos deixa numa posição de constrangimento e embaraço como se tal acto tivesse sido por nós praticado, temos a chamada vergonha própria de terceiros. Exemplo crasso deste tipo de vergonha é o que sentimos quando vemos os nossos pais a dançar. Se fossem estranhos a fazer a mesma figura das três uma: ou não reparávamos, ou era divertido ou, se a dança fosse mesmo má, sentiríamos vergonha alheia. Esta vergonha é específica em relação aos que amamos. Se sentirem este tipo de vergonha, não tenham dúvidas disso.
Segundo a Wikipedia: «A vergonha é uma condição psicológica e uma forma de controle religioso, político, judicial e social, consistindo de ideias, estados emocionais, estados fisiológicos e um conjunto de comportamentos, induzidos pelo conhecimento ou consciência de desonra, desgraça ou condenação. O terapeuta John Bradshaw conceitua a vergonha como a "emoção que nos deixa saber que somos finitos"»
A vergonha não se sente, tem-se, como se caída do céu no nosso colo em consequência de uma qualquer reacção cósmica que sem saber despoletámos. Mas a vergonha é inocente por ser inevitável, por não haver como fugir. É algo que advém dos conceitos que nos foram previamente incutidos pela família, sociedade, amigos, vivências.. que se mantêm adormecidos até que despertam como alarme ao presenciar um comportamento de alguma forma contrário ou que não se coadune com eles. E não há como calar o alarme ou evitar que ele dispare. Há apenas a solução de, com tolerância, tentarmos inserir novos conceitos no nosso léxico comportamental. Admito que possa ser difícil. Mas não é impossível. A minha mãe não dança assim tão mal!
sexta-feira, 27 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
O nosso Kit fim do mundo
- Duas mochilas impermeáveis;
- Estojo de primeiro socorros: Ligaduras, compressas, água oxigenada, tintura de iodo, pensos, analgésicos, anti-piréticos, anti-diarreicos, antibióticos, entre outros.
- Dois sacos cama;
- Uma tenda (para 4 - dois humanos e dois canídeos de, aproximadamente, 40 quilos cada um);
- Duas cordas (ou cabos como preferirem);
- A melhor faca de mato do mundo (sim, uma faca militar espetacular, encomendada pela Internet, após a visualização de milhares de vídeos de 20 minutos no YouTube com facas a cortarem os mais diferentes objectos);
- Comida: é a única coisa que falta por na mochila porque a dúvida permanece: enlatados ou barras energéticas? Eu voto enlatados mas diz que são pesados;
- 2 Bolsas de água com palhinha a sair pela mochila (já cheias);
- Duas lanternas uma de dínamo e uma de dínamo e solar!;
- Um cantil!
- Um carregador solar e dínamo com vários adaptadores, incluindo telemóveis e Ipods. Quanto aos telemóveis, imagino que nessa altura não haja cobertura mas ao menos poderemos ouvir o "three little birds", a que apelidamos música do fim do mundo por causa do I am Legend;
- Duas bolsas flutuantes e impermeáveis para pôr por dentro da mochila;
- Uma muda de roupa;
- Coletes salva-vidas para nós;
- Dois apitos para fazer o que a Kate fez no Titanic
Entre outras coisas que me devo estar a esquecer.. Bottom line, temos tudo para sobreviver! E muita energia para trocar por deliciosos enlatados =)
P.S.: Porque nessas alturas de catástrofe não costuma haver telecomunicações, combinem um ponto de encontro com os vossos amigos e familiares, para se encontrarem após 24 horas do cataclismo. Convém ser um sítio elevado e arejado, ou seja, não convém ser num edíficio, rua estreita, túnel ou debaixo de uma ponte. Tipo, parque do Monsanto é uma boa ideia.. apesar de não ser o meu local combinado.
"Hoping for the best but expecting the worst.."
Esta é a essência do meio copo. Concretizando,
De pés bem assentes na terra, tendo sempre presente a Lei de Murphy, mas sempre com a cabeça na nuvem número 9 e na esperança naive de que, talvez, até haja possibilidade de as coisas correrem bem.
Sempre preparada para o pior: com um kit de sobrevivência para o caso de tsunami, na esperança de não levar com um carro flutuante em cima, já que com o colete salva-vidas não me vou afogar.
Tendo sempre um plano B. Um plano de vida a seguir, para o caso do plano em vigor não poder ser levado avante. Uma saída de emergência.
Retirando sempre o bom que vem com as coisas más, mas antecipando sempre o tudo de errado que pode acontecer inesperadamente de uma situação aparentemente tranquila e feliz.
Quero pensar que estas intermitências entre o catastrofismo e o optimismo desmesurado representam um equilíbrio, um meio copo, e não os devaneios de uma bi-polar em negação.
Vista de fora talvez seja difícil de entender mas, sinceramente, é assim que eu sou. E para mim, não faz sentido ser de outra forma.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Primeiro estranha-se..
Ontem, dia 8 de Maio de 2011, a Coca-Cola, a minha bebida preferida, celebrou os seus 125 anos. Há 125 anos atrás começou por ser vendida numa farmácia mas o seu sucesso foi maior do que alguma vez previam. A sua receita constitui o segredo mais bem guardado do mundo e a prova disso é que não há cola sequer parecida com a autêntica.
Desde de sempre, pelo menos para os da nossa geração, a Coca-Cola fez parte da nossa vida, sendo que crescemos rodeados do seu design e da sua iconografia pop que incluiu desde as celebradas pin-ups, às personagens históricas e à criação da figura mais mítica de sempre: o Pai-Natal.
Quem não se lembra dos seus anúncios e do jingle "dançar, cantar, sentir a emoção de uma Coca-Cola, sensação de viver."!
O facto de o querido Che beber Coca-Cola, ainda me faz gostar mais (se tal é possível) da única bebida que realmente me mata a sede. Se tivesse de lutar pela última Coca-Cola do deserto, podem crer que ganhava.
Fica aqui a maior homenagem que podia fazer à Coca-Cola no seu 125.º aniversário. E o meu grande bem haja ao Sr John Pemberton e à The Coca-Cola Company, que fazem parte da minha vida há tantos anos.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Imprescindível é...
..Uma chávena de café, logo pela manhã.
..Nunca deixar de se ser quem se é – a não ser que se seja um completo idiota e aí recomendo vivamente que deixem. Eu sou-me sempre!.. mais ou menos moderada, dependendo das ocasiões.
..Ter cigarros em casa quando vou dormir. Quando não os tenho aparecem as insónias e lá tenho eu de ir à bomba das amoreiras.
..Dar festas no Zé e na Concha. E beijinhos e abracinho e patinha. E chegar a casa e ser recebida todos os dias por dois seres em êxtase.
..Beber água. A sério, é mesmo, senão morremos.
.. E respirar, do mais imprescindível que pode haver.
.. E Sonhar acordada, e desejar sempre mais e melhor.
.. que o amor seja total.. all in, sem medo e sem reservas, que de outro qualquer modo não é amor, mas um sentimento egoísta de querer estar confortável sem estar sozinho.
.. em cada ano, o primeiro mergulho no mar, e todos os que se seguem.. e que sejam muitos.
..Passar no exame de agregação, à primeira se Deus quiser e o corrector ajudar.
.. Ter a noção. Sempre fui da opinião que cada um tem a lucidez que pode aguentar, porque de outra forma cortavam os pulsos quando se olhassem ao espelho ou se ouvissem falar, ou mesmo se fossem vítimas das suas próprias atitudes. Mas mesmo não havendo lucidez é imprescindível ter noção.
.. Dar valor às conquistas, aos dias de sol, a um gesto de carinho, a ter emprego, a um bom jantar, aos amigos que permanecem, à família que apesar de tudo é o nosso porto de abrigo, a ter descoberto aquela música, a ter encontrado aquela pessoa, e agradecer sempre, todos os dias, e ser feliz com o que tenho hoje, até ao dia em que tenha mais. E aí, dar de novo graças.
.. Aceitar com tranquilidade o que não tem solução e suplantar os obstáculos ultrapassáveis, um de cada vez.
.. Saber que vou para casa e estás à minha espera.. ou depois ficar à tua espera, não faz mal. O que interessa é saber que estamos juntos.
.. Nunca desistir do que vale verdadeiramente a pena e ter o discernimento necessário para identificar o que vale e o que não.
.. Agir sempre como se estivéssemos a ser observados e dançar sempre como se não estivesse lá ninguém.
.. Cantar.
.. Escrever sem parar.
.. O teu sorriso ao acordar.
.. Não fazer aos outros o que não queremos que nos façam a nós.. Senão por outra razão, porque o Karma é lixado.
.. Engolir sapos.. é desagradável mas forma o carácter.
.. Aprender com os erros.
.. Respeitar todos os que se atravessam no nosso caminho.
.. Ver filmes a preto e branco e chorar com o final feliz.
.. Comer bem.
.. Apanhar sol.
.. Andar à chuva.
.. Ter saudades dos que estão longe.
.. Viajar
..