segunda-feira, 30 de maio de 2011

Shame on you!!

Numa perspectiva puramente abstracta, gosto muito do sentimento/sensação de vergonha. Não existe, ou pelo menos não me lembro, de um sentimento que possa ser mais sincero, inultrapassável e incontrolável que podemos ter, independentemente do tipo de vergonha que estejamos a falar. Chega mesmo a ter vontade própria. Passemos, primeiramente, à classificação:

Vergonha alheia: Sabem aquela sensação que se apodera de nós quando vemos os castings dos Ídolos? É essa a sensação da vergonha alheia. Há quem goste de a ter e se divirta com isso. Os mais moderados e humanos evitam esse tipo de vergonha, evitando todo o tipo de programas televisivos onde participem pessoas sem noção. Vergonha própria (Shame on me): Quando erramos e sabíamos o suficiente para não o fazer, ou quando caímos repetidamente nos mesmos erros, mais do que uma vez, e a culpa não pode ser distribuída a nenhum outro que não a nós, sentimos este tipo de vergonha. É uma forma de auto-condenação que sabemos merecida.

Vergonha própria de terceiros (Shame on you): Quando alguma coisa que alguém muito próximo faz nos deixa numa posição de constrangimento e embaraço como se tal acto tivesse sido por nós praticado, temos a chamada vergonha própria de terceiros. Exemplo crasso deste tipo de vergonha é o que sentimos quando vemos os nossos pais a dançar. Se fossem estranhos a fazer a mesma figura das três uma: ou não reparávamos, ou era divertido ou, se a dança fosse mesmo má, sentiríamos vergonha alheia. Esta vergonha é específica em relação aos que amamos. Se sentirem este tipo de vergonha, não tenham dúvidas disso.

Segundo a Wikipedia: «A vergonha é uma condição psicológica e uma forma de controle religioso, político, judicial e social, consistindo de ideias, estados emocionais, estados fisiológicos e um conjunto de comportamentos, induzidos pelo conhecimento ou consciência de desonra, desgraça ou condenação. O terapeuta John Bradshaw conceitua a vergonha como a "emoção que nos deixa saber que somos finitos

A vergonha não se sente, tem-se, como se caída do céu no nosso colo em consequência de uma qualquer reacção cósmica que sem saber despoletámos. Mas a vergonha é inocente por ser inevitável, por não haver como fugir. É algo que advém dos conceitos que nos foram previamente incutidos pela família, sociedade, amigos, vivências.. que se mantêm adormecidos até que despertam como alarme ao presenciar um comportamento de alguma forma contrário ou que não se coadune com eles. E não há como calar o alarme ou evitar que ele dispare. Há apenas a solução de, com tolerância, tentarmos inserir novos conceitos no nosso léxico comportamental. Admito que possa ser difícil. Mas não é impossível. A minha mãe não dança assim tão mal!

1 comentário:

Verne disse...

A "Granja" é a pessoa com mais vergonha alheia que já vi!