sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Morte estúpida...

Morte estúpida, certa e insolente que pairas sobre a vida como ameaça constante do fim indesejado, que atacas indiferenciadamente, sem saber porquê, sem qualquer fundamento ou justificação, só porque sim... Morte estúpida!

Morte estúpida que levas os nossos filhos, os nossos pais, os nossos avós, irmãos, amigos, colegas, vizinhos, um a um, numa cadência inevitável e aleatória e caótica, que nunca vai fazer sentido... Morte estúpida que nunca és merecida… E quando és não apareces... Morte estúpida!

Morte estúpida que abres fossas no peito e na alma de quem perde os que levas contigo e deixas apenas nós na garganta, e noites de choro, e insónias e dores de cabeça. E paras o tempo para os que amam e perdem, mas a vida continua e o mundo tem pressa, e todos voltam a viver como se nada estivesse a faltar, sob a incredulidade dos olhos de quem permanece sem se conseguir mover… Morte estúpida!

Morte estúpida e injusta e cruel… E depois de ti, na ausência de todos os dias seguintes, todos vivem no pânico da possibilidade da tua chegada de rompante, interrompendo a festa da vida, e ainda em choque, fazem as pazes, e amam mais, e não saem de casa sem se despedirem, porque és estúpida e malcriada e apareces sem avisar, e ainda tens a lata de dar aos que ficam a demonstração da preciosidade da vida, Morte estúpida.

Morte estúpida, usurpadora e ladra… Tu roubas os sorrisos, os bons dias, os amo-te muito, os abraços, os jantares, os dias de praia, as viagens a lugares distantes, os feitos incríveis que ficaram por fazer, as danças que ficaram por dançar, os filhos que ficaram por nascer, as mulheres que ficaram por casar… Morte estúpida, estúpida, estúpida…

1 comentário:

Miss Jones disse...

Para o Gonçalo e para a Sara que foram levados esta semana e vão fazer muita falta aos que ficaram.