sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Momento Bridget ou tentativa falhada de interrupção de cópula canina


(Fotografia de há um ano atrás. Que o meu Zé não é pedófilo)

Era mais uma sexta feira, daquelas sextas feiras com tanto trabalho que desejamos que fosse quinta. Tinha acordado mais cedo para chegar mais cedo ao escritório que no dia anterior tinha saído de lá às onze e não estava com vontade de repetir. Assim, dei água aos cães, dei-lhes comida, tomei banho rapidamente, vesti-me, sequei o cabelo e até me maquilhei. Eram nove da manhã e estava pronta para sair de casa.

De repente, ouvi o rugido da Concha, seguido de um ganir assustado, que me fez olhar para trás. Era o Zé a tentar (julgava eu) fazer meninos, como tem tentado, sem sucesso, desde há muito tempo. Chamei-o, para ver se ele parava com aquilo, mas desta vez ele não parou. Então, dirige-me a ele para o "educar", mas ele continuou. Decidi passar à acção. Enquanto puxava o Zé, por um lado, tentava afastar a Concha com um dos meus pés, por outro. Mas sem resultado. Comecei aos berros na esperança que os meus guinchos histéricos surtissem efeito. Mas nada. O único efeito foi o namorado, que saiu da casa de banho para saber quem estava a matar quem.

Quando chegou ao pé de mim a indagar o porquê da histeria expliquei-lhe que não conseguia separá-los e pedi-lhe ajuda. Ao que ele respondeu qualquer coisa como "mas ele já conseguiu?" ao que eu respondi sem certeza, "penso que sim". "Então não há nada a fazer" retorquiu ele, "prepara-te para ter cachorrinhos". "Como assim não há nada a fazer?" perguntei eu incrédula.

E aí começou a aula de biologia canina. Diz que o órgão sexual dos cães incha a um ponto, que faz com que fiquem acoplados durante bastante tempo. E não há nada a fazer senão esperar que passe para os desacoplar. Eu que vejo National Geographic repetidamente, já conhecia esta prática, utilizada em várias espécies, mas nunca me passou pela cabeça que os canídeos fizessem parte desse grupo. Esta decorrência biológica do órgão masculino canídeo permite que, (i) se tenha a certeza (ou quase a certeza - ainda tenho alguma réstia de esperança) que a fêmea é fertilizada; e (ii) se tenha a certeza que os pequenos são dele. Isto é, enquanto ele está lá preso, impede outro macho de tentar fecundar a fêmea. 

Existe uma forma de provocar o desacoplamento: água. Tipo um balde de água ou mangueirada permitiria que o dito órgão desinchasse e que a minha querida cadela se conseguisse soltar. Porém, como estávamos no meio da sala, achei que não era a melhor das ideias.

Por isso a única solução era ficar à espera, impávida e serena, e presenciar a violação da minha ursinha, prepertada pelo meu querido cão. E enquanto ela olhava para mim com um ar de quem diz "por favor, tira-me daqui" e tentava fugir, o Zé seguia-a e continuava tudo na mesma. Na minha impotência fui tirar um café. E a cadela continuava a queixar-se de dores, já que já estavam virados rabo-com-rabo. O único acto de amor ali era o facto de as caudas estarem entrelaçadas. O resto era apenas dor e aflição. E nisto passou-se cerca de meia hora, durante a qual fiz o que pude para acalmar a malta. Cada vez que me movia, a Concha vinha atrás de mim, com o Zé a reboque. Portanto, ali fiquei, à espera que passasse.

Eis que não quando, a empregada entra em casa, e os cães desatam em histeria, como de costume, para a irem cumprimentar. Pareciam siameses unidos pelo rabo a tentarem ambos irem pelo mesmo lado. Nisto a Concha vira-se para o mesmo lado que o Zé, o que provocou um uivo de dor ao cão, que a atirou ao chão para que a dor parasse, mas a dor só piorou, à medida em que se entrelaçavam ainda mais. Até que, num esticão mais violento, desacoplaram-se finalmente.

Pormenores sórdidos à parte, separei os cães, expliquei o sucedido à empregada em pânico e saí de casa às dez para as dez a pensar o que irei fazer à ninhada que possivelmente nascerá em 60 dias. Conclusão, vou ser avó em dois meses, isto tudo porque me distraí por dois segundos. Há manhãs assim.

2 comentários:

Anónimo disse...

Inês Maltez eu não MACREDITO que contaste isto aqui!!!!!!!!!!!!!!! bjs APR

Miss Jones disse...

ehehe!!! Um momento de utilidade pública para avisar os incautos!! Porque não há National Geographic que nos prepare para isto. Pior mesmo só a descrição do parto. OMG