Cada sinal, sarda, mancha e pigmento é marca do destino que tens vindo a traçar para ti, dos dias de praia, das ondas apanhadas, das sestas estivais. É a tua estória e ponho-me a pensar, quantas sardas me pertencem... E no mapa das tuas costas, desenho, todos os dias, as sardas que hão-de vir e os planos da nossa viagem. E quando já cansada, na dormência do braço içado por entre o edredon, me viro para o lado de lá, adormeço profundamente, como nunca havia dormido antes de ti.
E as rugas que não queres ter, não são mais do que cicatrizes de choro e de riso e de dias bem passados e também de noites sem dormir. E por mais que te compre cremes e te diga para beberes água, sabes que amo cada ruga que se crava na tua pele, porque cada uma não é mais do que cicatriz provocada por cada um dos teus 7 sorrisos.
E os cabelos e fios de barba branca que teimam em aparecer ultimamente, e que vais arrancando com a teimosia de um adolescente, representam apenas as preocupações e o trabalho e todos os obstáculos que ultrapassas, e todas as responsabilidades que carregas mas que, apesar de tudo, fazem parte de quem tu és, e de quem eu amo.
E a barriga que alegas ter e na qual só reparo quando me chamas a atenção, não é mais do que todos os jantares com amigos no restaurante do costume, ou no rodísio, ou no jesus, ou em porto brandão; não é mais do que todos os jantares e pequenos almoços que crio para ti, para depois nos aninharmos no sofá; e os vodka tónicos e bloody marys; e as compotas de todos os sabores que te dou a provar dia sim dia não; não é mais do que a falta de tempo e forças para ir ao ginásio, que eu percebo tão bem. Essa alegada barriga que ignoro não é mais do que momentos bem passados ao lado dos que te amam e a vida que corre em redor.
E é de tudo isto que sinto falta nesta noite de insónia. E é esta a minha declaração de amor num dia como outro qualquer. E na cama vazia de ti, a nossa matilha mantém-se na vigília do teu regresso a casa, para poder voltar a dormir outra vez.
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