quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Das boas e más pessoas

Disclaimer: Tenho moral mas não sou moralista. Sou tolerante com os erros, mas há certas coisas que são para mim inultrapassáveis. Toda a gente erra e eu também sou gente. E apesar de existirem erros inultrapassáveis, penso que todos podem ser perdoados, basta querermos. Nem que as pessoas em questão fiquem "on probation", até termos a certeza que o erro foi sanado. O texto que se segue explica a minha perspectiva do que é ser boa pessoa. Só é melhor que as outras porque é a minha. Caso não concordem, estão no vosso direito, como eu estou no meu.

 
Eu tenho um sistema de pontos e penso que não sou a única. E as pessoas que conheço vão ganhando e perdendo pontos na minha consideração conforme as vou conhecendo melhor e de acordo com as suas acções, background, educação, situação em concreto... há muito a ter em conta. Caso eu já tenha errado da mesma forma reduzo 20% dos pontos negativos. No entanto existem certas atitudes que me fazem riscar certas pessoas da minha  lista emocional de amigos e outras que me fazem querer ser amiga de novas pessoas. As listas que se seguem, explicam melhor a minha lista de pontos:





What not to do:

  • Tratar mal um empregado de restaurante / loja só porque sim: Para mim este ponto divide as boas pessoas das más pessoas, a boa educação da má. Fazer isto à minha frente significa um total de  -1000 pontos. Depois desta subtracção, dificilmente voltarão a cair nas minhas boas graças.
  • Ser racista / xenófobo: Achar que se é melhor que outro por causa de uma coisa tão aleatória como a quantidade de melanina ou religião em que cresceram implica a perda automática de 800 pontos.   -800 pontos
  •  
  • Tratar mal os indefesos: Desde velhinhos, a sem-abrigos, a crianças, arrumadores de carro, animais é para mim intolerável. - 1000 pontos
  •  
  • Não ter a noção: Queixar-se de falta de dinheiro quando se vive uma vida de "luxo", quando se janta fora quotidianamente, se compra toda a nova colecção da Zara ou mesmo da Prada, quando se tem um topo de gama de 3 em 3 anos e a casa paga. Não é que não se possam queixar, mas evitem fazê-lo à frente de pessoas que ganham substancialmente menos. E evitem tratar mal essas mesmas pessoas só por ganharem menos, porque provavelmente apenas não tiveram a sorte de nascer numa família com dinheiro. Sim, porque a trabalhar, é muito difícil de lá chegar. -200 pontos
  •  
  • Viver para as aparências: Não sou contra as pessoas andarem bonitas, arranjadas, e com sempre com a roupa mais trendy que pode haver. Nada mesmo. É bonito de ver e dá vida a qualquer sitio. E já nem tenho o preconceito que as pessoas super arranjadas só podem ser burras porque o tempo que perdem nisso não investem em ler livros. Cresci. Mas o facto de as pessoas acharem que a imagem é o mais importante que pode haver e esquecerem-se que há um mundo de pessoas a viver no limiar da miséria, por exemplo, entristece-me. Isso sim é a futilidade. As boas pessoas fazem as boas roupas and not the other way around. - 500 pontos
  •  
  • Falta de higiene: cabelo oleoso, maus cheiros constantes, casa a cheirar a gato, etc.. - 200 pontos
  •  
  • Cobiçar a mulher / homem do próximo: Dizem que no amor e na guerra vale tudo mas não é bem assim. E quando digo cobiçar leia-se, meter-se à séria ou pelo menos tentar. Se forem meus amigos -100 pontos; se não forem meus amigos mas for amor verdadeiro -100 pontos; se forem ou não meus amigos e se for só para a porcaria - 500 pontos; se tiverem consciência da porcaria que estão a fazer/fizeram e demonstrarem algum remorso -50 pontos; se cobiçarem o meu namorado  - 100000000000000000 (rebentam com a escala e nem que sejam a Madre Teresa farão algum dia parte da minha lista de boas pessoas :D, penso que é justo).
  •  
  • Dar graxa: não se aguenta aquelas pessoas que acabam de repetir o que o professor disse só para terem alguma coisa para dizer -10 pontos
  •  
  • Tentativas Falhadas de Manipulação: não adoram quando as pessoas se acham mais inteligentes que vocês e acham que ninguém percebe o que estão a tentar fazer? não é divertido? Eu acho que sim mas só pela estupidez na tentativa e pelo fundamento (não olhar a meios para atingir os fins) -500 pontos
  •  
  • Ser egoísta / não ajudar / não partilhar: Penso que dá para perceber porquê. -300 pontos
  •  
  • Ser Salazarista: Tenho muitos amigos assim, daqueles que só de ouvir cantar Zeca Afonso começam a passar mal. Como devem imaginar, cada vez que estou com eles canto Zeca Afonso. ;) Mas pronto, o que é que se há-de fazer, eles compensam com outras coisas. - 500 pontos
  •  
  • Estar sempre de mal com a vida: característica principal de pessoa egocêntrica sem problemas a sério. Se repararem, as pessoas que já passaram ou passam por situações graves são as primeiras a sorrir e a levar a vida com ânimo. - 300 pontos

 
What to do:

  • Dar esmola: + 500 pontos

  • Adoptar uma criança: Por quem não possa ter filhos + 500 pontos; Por quem possa ter filhos +1000 pontos; Adopções de crianças com necessidades especiais + 2000 pontos.

  • Fazer voluntariado: + 200 pontos

  • Perdoar: + 200 pontos

  • Ter sobrevivido a uma história de vida difícil: Conforme a dificuldade de história pode verificar-se majoração + 1000 pontos

  • Assumir os erros: + 500 pontos

  • Tratar bem os indefesos: + 500 pontos

  • Parar nas passadeiras: + 50 pontos

  • Deixar passar pessoas à frente na caixa do supermercado, quando estas só tem uma ou duas coisas na mão: + 30 Pontos




Partilhem o vosso sistema de pontos. Estou a esquecer-me de alguma coisa?

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Genialidades: Clint Eastwood e Jamie Cullum

Ela gosta dele porque após a leitura de duas frases ele acerta no nome e autor do livro. Ele gosta dela porque após duas notas no piano da banda sonora descobre quem é o realizador do filme.. Ele fica feliz perante a genialidade de Clint Eastwood e ela fica feliz perante a genialidade de Jamie Cullum e ambos sorriem. Clint Eastwood também gosta de Jamie Cullum e fazem uma banda sonora em conjunto, criando uma obra prima que de tão boa se vai repetindo pelos filmes seguintes misturada em dois ou três acordes diferentes, só para não ser igual. E a fotografia e o argumento sempre maravilhosos, cada vez melhores, mas é a música de há dois filmes atrás que nos continua a acompanhar. E desejamos que este génio octogenário nunca morra e que continuemos a ouvir Jamie a cantar enquanto assistimos a mais uma obra prima. O filme de ontem foi o Hereafter, mas podia ter sido outro qualquer dos dele. Todos os óscares seriam poucos diz ele. Ela gosta dele e ele gosta dela e sorriem quando ouvem a música que se segue. Enjoy!



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dos homens e do casamento



Casamento: União, tendencialmente eterna, firmada através do compromisso, entre duas pessoas (homem-mulher, homem-homem, mulher-mulher), que pretendam constituir uma família, numa comunhão de amor e vida.  

Este é o meu conceito de casamento, independentemente de ser civil ou religioso. O religioso prende-se mais com a validação da união por Deus e perante a comunidade. O civil, mais contratual, centra-se nos efeitos sociais e patrimoniais, efeitos que coexistem no casamento religioso. Mas independente da forma escolhida o mais importante é o compromisso de amor e respeito assumido pela união subjacente, ou pelo menos devia ser.

Toda a gente quer um festa óptima, ninguém nega. Mas o fundamento para esse passo não pode ser a festa, ou o é suposto, é o que esperam de mim, ou é agora ou fico sozinha, entre outros motivos que não o fundamental. Se não se imaginarem o resto da vossa vida com a pessoa que agora está ao vosso lado, não se casem.Tudo bem que existe divórcio, mas os casamentos celebrados de ânimo leve contarão para as estatísticas que deprimem qualquer pessoa séria que esteja a pensar em casar-se e a culpa é de quem se casa só porque é giro.

Normalmente, aplico a máxima sobre a amizade de Vinicius de Moraes  ao amor: os amigos não se fazem, reconhecem-se. E o que é a pessoa amada que não o melhor amigo? Não digo que o amor só aparece quando menos esperarem, e muito menos digo para deixarem de procurar. Procurem até reconhecer em outra pessoa o/a vosso(a) companheiro(a) de viagem. E após o reconhecimento mútuo, dêem graças pela vossa sorte, não se percam nunca e amem para sempre. E amem tudo porque se não amarem tudo não é amor. E sem amor a vida que se repete entre dias iguais e outras complicações é impossível de caminhar.  Sem amor é impossível que um casamento dure a vida toda, a não ser que vivam em continentes diferentes. Sem amor é impossível mudar fraldas ao outro. 

Apesar de acreditar que o casamento deverá ser uma união tendencialmente eterna, tenho como modelo de homem o próprio do Vinicius de Moraes, que casou nove vezes. No entanto, acreditou sempre que era para toda a vida, amando cada uma delas como se fosse a primeira e a última. Sem medo, tudo fez para viver a plenitude do amor.

Muitos meninos que me lêem dão-me, com certeza, razão: muitos homens têm problemas de compromisso e quando se fala em casamento, é vê-los correr na direcção oposta. Por outro lado,  qualquer mulher que caiba no estereótipo de mulher romântica, desde os cinco anos que planeia o seu casamento. Exageros à parte, esta disparidade de sentimentos entre sexos em relação ao mesmo assunto, sempre existiu. E foi preciso fazer 28 anos para descobrir uma estória (o que é um bocado chocante na medida em que o meu cérebro é uma manta de retalhos gigante de factos inúteis fora do contexto quiz), sobre essa mesma dificuldade dos homens, que terá ocorrido no século V, de acordo com Maria Guedes, do blog Stylista:



Segundo a tradição, na Irlanda do século V, Santa Brígida queixou-se a S. Patrício que as mulheres esperavam demasiado tempo para serem pedidas em casamento. Para remediar a situação, S. Patrício resolveu autorizar que as mulheres pedissem os homens em casamento, mas apenas nos dias 29 de Fevereiro, ou seja, de 4 em 4 anos.


O que se retira daqui, para além de também eu ler blogs de moda, é que esta dificuldade / demora dos homens sempre existiu. O que fazer em relação a isso? Será boa ideia aproveitar o dia 29 de Fevereiro e tratar do assunto do pedido, em vez de ficar à espera? O que fazer?

Se o vosso namorado é daqueles que tem medo do compromisso aconselho-vos a não pedir. Não é que eles fossem dizer que não. Provavelmente não o fariam. Mas anos mais tarde, iam sentir que tinham sido pressionados a fazê-lo, esquecendo-se que no momento do casamento também disseram que sim. Este tipo de homem, a casar, precisa de pedir a amada em casamento. Precisa de ponderar cada ponto, pôr em causa cada certeza e nesse processo de decisão apaixonar-se e ganhar coragem para dar esse passo. Se forem vocês a pedir ele vai julgar que foi empurrado. Se der o passo sozinho, terá a certeza que não foi e cada vez que quiser pôr tudo em causa, recordar-se-á desse processo que atravessou e de todas as razões para vos amar.

Por outro lado, se o vosso namorado nasceu para o compromisso, e acham que ainda não vos fez o pedido por falta de dinheiro, por precisar de tempo para organizar uma surpresa em grande ou por outra razão qualquer, não vejo razão para não o fazerem. A tradição não é razão suficiente para fazer esperar o casamento. Arrisquem ou esperem pelo próximo ano bissexto.


*Post dedicado aos nubentes de hoje e às corajosas de 29 de Fevereiro.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Voto de vencido ou We are Nebraska




No dia em que foi a votação e não passou a alteração da lei da adopção por forma a permitir a adopção por casais do mesmo sexo deixo-vos aqui o meu voto de vencido. Se tiverem oportunidade vejam este episódio do American Dad (Season 3 Episode 7) que é uma delícia.

Comecei a manhã com boas notícias: a liberdade de voto estabelecida dentro das bancadas do PS e do PSD. Numa questão como esta, que não é ideológica nem política, mas pessoal, é positivo que cada um o possa votar em consciência. A consciência dos deputados eleitos pela Assembleia da República. por nós eleitos (ou pelo menos por mim que costumo ir votar) decidiu que Portugal ainda não está preparado para essa solução. Tenho pena que ainda sejamos o Nebraska mas a democracia tem destas coisas e sei que um dia, as consciências irão ser outras.

Boa notícia da tarde: houve um deputado do CDS que votou a favor. Quero conhecê-lo e dar-lhe os meus parabéns por saber distinguir as coisas e ter coragem de ter uma opinião diferente dentro do grupo alegadamente mais conservador.

É certo que a crise financeira não é a melhor altura para levar a cabo estas alterações legislativas. Mas estamos em crise há anos e alguma vez tinha de ser o dia. Perder-se-ia menos tempo se a proposta fosse aprovada à primeira, mas pronto.

Ainda vivemos numa sociedade em que a homossexualidade é mal vista, fora do mundo do espectáculo pelo menos. Ninguém o assume, porque não é politicamente correcto, e ninguém fala disso, para não ter de tomar partido, para não ser conotado com uma determinada liberalidade de costumes ou intolerância antiquada, conforme o caso. Se virmos os blogs de hoje, poucos falam sobre  isto. Todos querem ter uma moral maleável conforme o interlocutor. É triste. Mas é assim.

O facto de existirem muitos homossexuais dentro do armário com medo das repercussões sociais e profissionais é prova que a discriminação ainda existe. Existe e não é pouca, infelizmente. Mas, por alguma razão e depois de várias tentativas, o casamento entre casais do mesmo sexo foi consagrado na nossa legislação e tenho esperança que um dia aconteça o mesmo com a adopção. Porque a orientação sexual de uma pessoa não define a sua capacidade de ser um bom pai ou boa mãe. E não ser o melhor para a criança porque vai ser gozada na escola é partir de um pressuposto inadmissível, que é o de não educarmos os nossos filhos para respeitarem os que os rodeiam ou pelo menos, para respeitarem a lei. É tratar a intolerância como um facto consumado.

Mas as crianças são cruéis.. Pois são, porque normalmente aprendem cedo de mais, com os adultos, a rejeitar o que é diferente. Mas todos os gordos, feios, escanzelados, caixa-de-óculos, portadores de aparelhos, sopinhas-de-massa, burros, portadores de piolhos, filhos de pais divorciados, órfãos, betinhos, dreads, riquinhos, Lyonces Victórias, etc, todos são / foram gozados na escola por alguma razão ou sem razão nenhuma se pensarmos melhor. Qual de vocês não foi? E não sobreviveram? Acham que o facto de as crianças serem cruéis seria dissuasor de deixarem de levar os vossos filhos ao oftalmologista para pôr uns óculos? Penso que não. E por que razão será a crueldade das crianças uma boa razão para impedir que um casal do mesmo sexo possa adoptar ou recorrer à inseminação? Porque não é do melhor interesse da criança ser gozada na escola? Não percebo.

Ou será que acham que a homossexualidade se pega.. Deve ser isso.

Sei que um dia vamos evoluir, tal como evoluímos em relação à escravidão, à segregação, aos direitos das mulheres, às mães solteiras, entre outros. Só tenho pena que não tenha sido hoje.

Relativamente à lei da adopção, choca-me que na lei vigente haja a possibilidade de "devolução" da criança adoptada. Alguém me consegue explicar em que terra é que a referida devolução é no melhor interesse de uma criança?

O fim do €uro ou Talvez não seja assim tão disparatado

Be afraid, Be very afraid....

Para quem julgava que eu sofria apenas de ilusões alicerçadas em teorias da conspiração sem qualquer conexão com a realidade (por momentos também duvidei), deixo-vos com um artigo, que a amiga MAG enviou, escrito por Pedro Braz Teixeira, Investigador do NECEP da Universidade Católica. O senhor, apresenta algumas das ideias práticas que já aqui tinham sido apresentadas no texto "O nosso kit de sobrevivência à Bancarrota". Talvez tivesse sido melhor ter tirado o curso de Economia, como os psicotécnicos indicavam. Certamente, teria mais dinheiro para sobreviver à crise. Mas como gostava de escrever, fui para humanidades e agora tenho um blog :s Se eu soubesse o que sei hoje...

Bem, espero que agora levem a sério as recomendações que se seguem. Se me tocarem à campainha a pedir um pacotinho de arroz depois do caldo entornado, mando-vos dar uma volta. E olhem que eu tenho cães grandes. Quem avisa amiga é ;)

 


«Fim do euro, recomendações práticas

A saída do euro pode ocorrer de forma muito caótica, podendo levar ao colapso temporário do sistema de pagamentos e de distribuição.
O risco de saída de Portugal do euro tem associados múltiplos riscos, dos quais gostaria de salientar três: o risco do colapso temporário do sistema de pagamentos, o risco do colapso temporário do sistema de distribuição de produtos e o risco de perda – definitiva – de valor de inúmeros ativos (depósitos à ordem e a prazo, obrigações, ações e imobiliário, entre outros).
Considero que todos os portugueses devem "subscrever" seguros contra estes riscos, tal como fazem um seguro contra o incêndio da sua própria casa. Quando se compra este seguro, o que nos move não é a expectativa de que a nossa casa sofra um incêndio nos meses seguintes, um acontecimento com uma probabilidade muito baixa, mas sim a perda gigantesca que sofreríamos se a nossa habitação ardesse.
Quais são as consequências imediatas de Portugal sair do euro? A nova moeda portuguesa (o luso?) sofreria uma desvalorização face ao euro de, pelo menos, 20%. Todos os depósitos bancários seriam imediatamente transformados em lusos, perdendo, pelo menos, 20% em valor. Todos os depósitos ficariam imediatamente indisponíveis durante algum tempo (dias? semanas?) e não haveria notas e moedas de lusos, porque o nosso governo e o Banco de Portugal não consideram necessário estarmos preparados para essa eventualidade.
O mais provável é que a saída do euro fosse anunciada numa sexta-feira à tarde, havendo apenas o fim de semana para tratar da mudança de moeda. Logo, na sexta-feira os bancos retirariam todas as notas de euros das máquinas de Multibanco e quem não tivesse euros em casa ou na carteira ficaria sem qualquer meio de pagamento.
Durante algumas semanas (ou mais tempo) teríamos um colapso do sistema de pagamentos e, provavelmente, também um corte nos fornecimentos. As mercearias e os supermercados ficariam incapazes de se reabastecer, devido às dificuldades associadas à troca de moeda.
Estes "seguros" de que falo, contra este cenário catastrófico, não podem ser comprados em nenhuma companhia de seguros, mas podem ser construídos por todos os portugueses, estando ao alcance de todos, adaptados à sua realidade pessoal.
O que recomendo é algo muito simples que – todos – podem fazer. Ter em casa dinheiro vivo num montante da ordem de um mês de rendimento e a despensa cheia para um mês. Esta ideia de um mês de prevenção é indicativa e pode ser adaptada à realidade de cada família.
Não recomendo que façam isso de forma abrupta, mas lentamente e também em função das notícias que forem saindo. De cada vez que levantarem dinheiro, levantem um pouco mais que de costume e guardem a diferença. De cada vez que fizerem compras tragam mais alguns produtos para a despensa de reserva. Aconselho que procurem produtos com fim de validade em 2013 ou posterior, mas, nos casos em que isso não seja possível, vão gastando os produtos de reserva e trocando-os por outros com validade mais tardia. Desta forma, sem qualquer rutura, vão construindo calmamente os vossos seguros contra o fim do euro.
Quanto custará este seguro? Pouquíssimo. Em relação ao dinheiro de reserva, o custo é deixarem de receber os juros de depósito à ordem, que ou são nulos ou são baixíssimos. Em relação aos produtos na despensa de reserva, é dinheiro empatado, que também deixa de render juros insignificantes.
Quais são os benefícios deste seguro? Se o euro acabar em 2012, como prevejo, o dinheiro em casa não se desvaloriza, mas o dinheiro no banco perderá, no mínimo, 20% do seu valor. Além disso terá o benefício de poder fazer pagamentos no período de transição, que se prevê extremamente caótico. A despensa também pode prevenir contra qualquer provável rutura de fornecimentos, garantindo a alimentação essencial no período terrível de transição entre moedas. Parece-me que o benefício de não passar fome é significativo.
E se, por um inverosímil acaso, a crise do euro se resolver em 2012 e chegarmos a 2013 com o euro mais seguro do que nunca? Nesse caso – altamente improvável – a resposta não podia ser mais simples: basta depositar no banco o dinheiro que tem em casa e ir gastando os produtos na despensa à medida das suas necessidades
(Negritos, sublinhados e tamanho de letra por Miss Jones)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Há 25 anos que faz falta..


Top 5: Best Old Movies' Song / Soundtrack

Com mais uma edição dos Óscares à porta, e como cinéfila reformada (longe vão os tempos em que comprava a Premiere religiosamente e adquiria tudo o que era filme indie dinamarquês), não podia deixar passar esta oportunidade para vos mostrar as 5 melhores músicas do cinema antigo, na minha humilde opinião. Fiz por encontrar videos com os excertos dos filmes originais, por forma a terem um enquadramento do sentimento que as músicas pretendem passar. E se repararem, salvo a música que está em primeiro lugar na medida em que é apenas instrumental, todas estas músicas foram sendo repetidas até aos nossos dias, em versões que correm todos os géneros musicais, até nos chegarem às mãos preenchendo o nosso imaginário musical e cinematográfico. Achei que era hora de voltar à base e descobrir o ponto de partida de algumas das músicas que, de tão boas, se transformaram em standards. Enjoy!


1 # Cinema Paradiso - "Love Theme" de Ennio Morricone e Andrea Morricone
(BAFTA for Best Film Music - 1991 e
Honorary Academy Award for career achievement para Ennio Morricone)


2 # Casablanca - "As time goes by" de Herman Hupfeld por Dooley Wilson (Sam)
(Oscar Nomination for Best Music Score of a Dramatic Picture - 1943)

3 # Os tempos modernos - "Smile", música de Charlie Chaplin (1936) e letra de John Turner and Geoffrey Parsons (1954)
(Honorary Academy Award for career achievement for "the incalculable effect he has had in making motion pictures the art form of this century" em 1972)

4 # Pinochio - "When you wish upon a star" de Leigh Harline and Ned Washington por Cliff Edwards (Jiminy Cricket)
(Oscar for Best Original Song - 1940)

5 #  Feiticeiro de Oz - "Somewhere over the rainbow" de Harold Arlen and E.Y.Harburg por Judy Garland
(Oscar for Best Original Song - 1939)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Perspectivas - Física e Metafísica da Miopia


"Os olhos olham e por verem tão pouco procuram o que deve estar faltando e não encontram."

Quando li esta frase pela primeira vez, na minha primeira incursão por José Saramago, perdida no meio de frases com comprimento digno de um capítulo, parei, imediatamente, para a reler. Tinha 15 anos e estava a ler a Jangada de Pedra, e tudo daquela frase, naquele momento, fazia sentido. Provavelmente, será a frase mais pequena que José Saramago escreveu. E para mim é, sem dúvida, a melhor. Sempre a perspectivei no sentido metafísico da coisa, como o retrato de um busca incansável, apenas movida pela fé e pelo instinto, que se vai repetindo no tempo sem desistência, com a curiosidade de se querer saber o que raio se procura. Ou então, como representação daquelas pessoas que vivem com palas nos olhos e que de tão tacanhas nunca encontrarão a verdade.

Hoje, olho para esta frase num sentido físico, tout court. A minha miopia chegou a um nível impossível de suportar sem auxilio externo. Pareço uma toupeira, mal consigo conduzir à noite, power-points em apresentações nem vê-los, cães pretos à noite no jardim, onde é que eles estão?, e as rugas à volta dos olhos e na testa já começam a aparecer pelo esforço facial que faço para tentar ver melhor. Não dá mais!

Hoje, esta frase representa para mim a evidência de que tenho de ir tratar disto, porque sei que com estes olhos posso olhar o que quiser que  não vou encontrar coisíssima nenhuma. Depois de 9 anos de aparelho, queria estar mais uns tempos sem qualquer apetrecho mas parece que não vai dar. Daqui a duas semanas, o meu nome é caixa-de-óculos. O que vale é que o look Geek está na moda. Já não era sem tempo... 8)

Baldios





sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Declaração de amor ou o Segundo Momento mais Embaraçoso da minha Vida

Há quatro anos atrás quando tudo começou nem queria acreditar na minha sorte. Era bom demais para ser verdade. Não que não achasse que não merecia, mas mesmo no amor é preciso sorte, e depois de tanto azar, chegou a minha vez. E a tua.
Hoje, depois da histeria da paixão e com a chegada do amor, da intimidade e da partilha, continuo sem acreditar na minha sorte. Continuo apaixonada pelo melhor amigo que já tive, partilho a minha vida com uma das melhores pessoas que já conheci.
E com a pressa em que vivemos, às vezes não o digo tantas vezes como queria mas sei que o sabes, mesmo quando estou em silêncio. E sei que no meu sonambulismo não sou propriamente criatura mais graciosa que se pode encontrar, mas sei também que sabes que só tenho mau feitio quando não estou em mim.
E por isso hoje, à volta do almoço, quando começou a tocar o Better Men, pensei em ti, cheia de orgulho e de alegria, porque sei que tenho sorte. Porque sei que és The Better Man. E nesta divagação, cantei a letra sem sentido e fiz a minha declaração de amor, ali no carro, à saída do eixo norte-sul. E continuei a cantar até chegar àquela parte em que entra a bateria com toda a força, (Talkin' to herself, there's no one else who needs to know...She tells herself, oh...-pumpumpumpumpumpumpum) momento em que bati com as mãos no volante a simular a grande baterista que podia ter sido, a abanar os ombros como costumamos fazer a dançar e continuei a cantar, concentradíssima, na declaração que te estava a fazer em voz alta, apesar de estar na privacidade do meu carro. Memories back when she was bold and strong And waiting for the world to come along...Swears she knew it, now she swears he's gone..
Ou então não!!!! Apercebi-me que já tinha saído da autoestrada, e estava parada no sinal fechado, local onde decorrem muitas das minhas histórias, a cantar aos altos berros, a fazer caretas e a dançar . Ok, respira fundo, pode ser que ninguém tenha visto. E nisto olho para o carro do lado para ter a certeza que saía incólume de mais um momento Bridget. Mas não tive essa sorte.. Ao meu lado estava um comercial, branco, igual a este:

(um dia hei-de perceber porque é que todos os comerciais são brancos)

Dentro dele, não estava um mas dois senhores que olhavam boquiabertos na direcção do meu carro, denunciando que tinha assistido a todas as minhas figuras. Quando me apercebi disto, desviei rapidamente o olhar, mas já não fui a tempo. Eles soltavam gargalhadas e eu, com as mãos a tapar a cara de vergonha, ri também. E ficámos os três, a rir das minhas figuras, não sabiam eles que era uma declaração de amor. E o sinal nunca mais abria. Até que vi a luz, e acelerei dali para fora, a rir, tal como agora. As coisas que uma pessoa faz por amor.

E isto tudo porque sei que tenho sorte e sei que não encontro, neste mundo, a Better Man!


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Lisboa saiu à rua ou a minha incursão pelos 80's

Ontem fomos "namorar" para o concerto de Simple Minds, com direito a um incursão pelos 80's à séria. Não tinha as minhas expectativas super elevadas, na medida em que só conhecia parte da discografia, e só sabia de cor dois ou três refrões. Saímos de casa, já atrasados (o costume) mas sem preocupações já que íamos de mota. No entanto, e surpreendentemente, o trânsito estava um inferno e nem de mota nos safámos, tendo demorado cerca de 20 minutos a chegar ao concerto e que moramos no centro de Lisboa.

O trânsito estava como costuma estar no dia 23 de Dezembro à hora de ponta, quando os carros apressados se amontoam numa marcha lenta a tentar ultimar os derradeiros preparativos. Havia pessoas nas ruas, casais, velhos e novos, grupos de amigos, famílias... Lisboa saiu à rua e nem o frio a impediu. Por isso, apesar do trânsito, enchi-me de uma alegria típica de romântica incurável ao aperceber-me o que o amor leva as pessoas a fazer. Elas só precisam de uma boa desculpa, do género: hoje é dia dos namorados! para quererem sair de casa, jantarem com os amigos, ou simplesmente passearem pelo parque. Os restaurantes estavam cheios e ouvia-se aquele burburinho das conversas e dos risos ao ritmo de uma música que tocava ao longe. Eram os Simple Minds. O concerto já tinha começado.

Apressadamente, entrámos no Coliseu, na sala cheia do Coliseu, como se entrássemos numa espécie de tele-transporte temporal directamente para os anos 80, sem passar pela casa partida. Não eram os penteados, não vi nem uma poupa. Nem os enchumaços, ou aquelas baggy pants, com a cintura por baixo dos ombros, que não ficavam bem a ninguém. A média de idades devia rondar os 40 anos mas em idade mental estavam todos de regresso à adolescência. Dançavam e cantavam exactamente como se vê nos filmes (sim porque nos 80's era nova de mais para ver pessoas dançar). E todos cantavam e aplaudiam enquanto bebiam uma cerveja e passeavam na nostalgia com o sorriso embasbacado de quem se lembra o que era dançar nos 80's.

O Jim Kerr estava no mesmo estado. Apesar do concerto ter tido um intervalo a meio que a idade já não perdoa, o escocês extaseado ainda nos presenteou com um encore. Foi fenomenal. Com os seus "tipical moves" a rodar o microfone sobre a cabeça, a fazer olhinhos e a mandar beijinhos pelo ar às "meninas", moveu as ancas como nenhum homem movia desde 1989. E eu tentei acompanhar e abanei a cabeça e as ancas até ao limiar da dor, ao som de I promised you a miracle, e aplaudi com os braços no ar e assobiei, promises promises. Simplesmente inesquecível. Jim Kerr ganhou mais uma fã.





terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Do amor



O Amor é, para muitos, difícil de descrever e, por vezes, mais difícil de expressar. Esta é a minha tentativa, neste dia que devia ser celebração disto mesmo. Alguma dúvida sobre o que possa ser esta coisa que nos persegue e nos empurra a vida toda, vejam o vídeo.

Have a great Valentine's Day!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Crónica da Almofada

Desde pequena que dorme de cabeça tapada, quer seja Inverno ou Verão. Sempre precisou de se sentir protegida do mundo que existe do lado de fora da cama. As orelhas tapadas para os bichos não entrarem e a boca também, apesar de dormir a fazer biquinho. De olhos fechados para que quem entrasse no seu quarto não soubesse se estava a dormir ou acordada, sendo que normalmente estava acordada, que as insónias sempre foram suas amigas. No entanto sempre sonhou, sempre fez planos, sempre imaginou mundos paralelos do lado de fora da cama em que pudesse ser livre e feliz. E como ainda não era crescida o suficiente para ultrapassar os obstáculos desde sempre visíveis, sonhava então com formas de o fazer, e fazia projectos. A única coisa que a interrompia eram os passos que ouvia a cada vez que encostava a cabeça na almofada, já que a cabeceira da cama estava encostada à janela. pum pum pum pum, ressoavam os passos na gravilha  do caminho enquanto ela indagava quem passeava naquela rua àquelas horas. Seria o homem do saco? Um polícia ou um ladrão? Não sabia e por isso continuava no seu casulo de cobertores e edredons em redor da sua cabeça.

A nova cama também tem a cabeceira encostada à janela mas já não se ouvem passos. Mais tarde descobriu que não eram passos que ouvia quando encostava a orelha na almofada, mas a batida do seu coração a bombear de sangue o seu corpo de menina, enquanto sonhava. Hoje, quando encosta a cabeça, por mais que tente, já não consegue ouvir essa batida. O burburinho das preocupações e das contas de cabeça sobrepõe-se ao silêncio calmo dos sonhos, que continua a sonhar. Já não consegue ouvir o bombear do sangue através do bocado mais sagrado do seu corpo, ouvindo, ao invés o seu respirar em uníssono com o respirar de quem está sempre ali ao lado. Hoje em dia ouve a batida do coração que também é seu, do lado de dentro da cama e já não tem insónias. No entanto, sem se saber porquê, mesmo crescida dorme de cabeça tapada, quer seja Inverno ou Verão.

Dia dos Namorados Low Cost ou Há coisas que não têm preço

Dizem que o Dia dos Namorados, é um dia meramente consumista e tendo a concordar. Não gosto particularmente deste dia. Mas, por outro lado, não me chateia celebrar S. Valentim, essa personagem histórica que punha o amor acima de tudo. E se este dia, é uma desculpa, tão boa como outra qualquer, para se ser romântico, só posso ser a favor. Portanto, se precisam desta desculpa, para darem azo a grandes gestos românticos, amanhã é o dia! Arrisquem, declarem o vosso amor, dêem mais um passo para a vossa felicidade.

Com o dia de São Valentim à porta, ainda há muita gente que não sabe como vai surpreender a cara metade. E em tempos de crise económica, por vezes, não há muito orçamento para programas luxuosos em hotéis e restaurantes de sushi e presentes caros.

Mas há coisas que não têm preço. Um post-it no frigorífico, sms durante o dia, um telefonema amoroso à hora de almoço, não custa mesmo nada. No que respeita à indumentaria, e se não tiveram "tempo" para comprar um kit de langerie novo, lembrem-se que less is more! Quanto ao jantar, deixo-vos com uma ideia simples, muito batida, mas sempre romântica e under € 5. Se a puderem repetir o romantismo durante o resto do ano melhor ainda. Enjoy!!





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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Come on baby light my fire (ou a fadinha dos isqueiros)






Disclaimer: Este post é só para fumadores (e alguns ex-fumadores que não sejam fanáticos). Os fanáticos da saúde, do politicamente correcto, médicos e afins que o leiam, por favor abstenham-se de fazer comentários. Eu sei que fumar mata, faz mal à pele, causa infertilidade, prejudica o feto, emagrece e relaxa. Não precisam de dizer outra vez. Enjoy!

Quem fuma (e quando eu digo quem fuma não me refiro a fumadores de fim-de-semana, fumadores sociais, fumadores de copos, fumadores de cigarros com nicotina inexistente, fumadores de cigarros fininhos que sabem a vento, entre outros que tais; aceito os fumadores de cigarros electrónicos, simplesmente, porque acho amoroso e porque sei que são verdadeiros fumadores em sofrimento) sabe ao que me refiro.

Há semanas assim..
Passo semanas em que compro isqueiros numa base quase diária, e chego a casa ao fim do dia e já não sei deles. Por vezes, de tão farta que estou de comprar isqueiros, chego a levar fósforos ou mesmo o isqueiro de cozinha. Pedir lume seria uma opção se os meus companheiros de fumo levassem isqueiro. Na maior parte das vezes, contam com o meu e quando eu não levo é o desespero. Uma vez disseram-me que a causa dos desaparecimentos cíclicos era uma personagem mítica chamada fadinha dos isqueiros, que por vezes escondia os referidos, para gozar com a nossa cara.

Mas hoje tudo mudou. Consegui contar cinco isqueiros na minha carteira, só hoje de manhã. Parece que a fadinha dos isqueiros se cansou por uns tempos de gozar com a minha cara e começou a devolvê-los, foi de férias ou foi gozar com outro. Cinco isqueiros.. Um estava no carro, outros dois, um em cada bolso de um casaco que não vestia há uns tempos, outro numa gaveta no escritório, e outro roubei lá em casa, de certeza.

Tenho-vos a dizer que nas últimas semanas da minha vida a fadinha esteve muito activa. Do género de estar a tentar acender um cigarro no carro (um dos meus hábitos favoritos) e o único isqueiro que tinha caiu-me da mão para aquele sítio, qual buraco negro, entre o banco do condutor e o travão de mão. É claro que tinha o isqueiro do carro avariado e fui sem fumar até casa. Cheguei a ponderar pedir lume ao carro do lado, nos semáforos, mas contive a minha veia doente.

Longe vão os tempos onde bastava uma senhora remexer na sua carteira que vinham dez cavalheiros de isqueiro em punho. Uma senhora nunca precisava sequer de pedir lume, este era-lhe oferecido de uma forma encantadora e paternalista. É verdade que pedir lume é sempre uma óptima forma de iniciar uma conversa com um desconhecido. Acredito que o acto de fumar, principalmente, nos últimos tempos, em que somos obrigados a encarneirar à porta dos edifícios e restaurantes para o fazer, deve ter sido motor, ou pelo menos ignição, de bastantes relações duradouras.

Um homem a fumar pode ser sexy, mas uma mulher a fumar, é ainda mais. Há qualquer coisa de rebeldia e de estatuto que se juntam num cigarro. Obviamente, que não não comecei a fumar para o estilo, sem travar, nas festas de liceu. Comprei um maço e comecei a fumar às escondidas, dos meus amigos, dentro do próprio liceu. E travava e sabia-me tão bem.. Ainda hoje sabe. Cada cigarro que fumo sabe-me quase tão bem como o primeiro, o melhor de todos, aquele que nos chega a arranhar a alma. As minhas amigas dizem-me que lhes dou vontade de fumar, porque fumo sempre com prazer. É um facto. Um para acordar, dois a seguir a cada café, a conduzir, a seguir ao almoço, ao jantar, 10 em cada conversa, dois a seguir a cada momento especial. Tenho sempre a necessidade de aliar os prazeres da vida com um cigarro. Para ficarem ainda melhores. E os momentos difíceis também. E fumar enquanto ando debaixo de chuva miudinha, tão bom (mesmo sabendo que uma senhora não fuma a andar, ou por isso mesmo).

A verdade é só uma: o sonho de um verdadeiro fumador não é conseguir deixar de fumar, é que fumar não mate! E se não nos levar à falência, entretanto, ainda melhor!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Momento Bridget ou como chegar atrasada a um concerto imperdível

Hoje à noite, no programa Palcos, da RTP2, passa o concerto do Jamie Cullum no Hipódromo de Cascais. Cheguei a esse concerto, já ia a meio, porque jantei pouco sossegada no restaurante da moda a confiar que a primeira parte de Luísa Sobral, começava à hora indicada no bilhete, e não uma hora e meia antes. Mas tive um pressentimento, e deixei o meu namorado a jantar com os nossos amigos, não comi sobremesa (para verem o que gosto de Jamie Cullum) e fiz-me ao caminho.



Cheguei à entrada, e mostrei o bilhete ao segurança que me diz em forma de gracejo: Está quase a acabar! Ia morrendo. Até hoje só faltei a um concerto de Jamie Cullum em Portugal (o de Albufeira). Não podia perder aquele. Eram onze e um quarto da noite e o concerto tinha começado às dez. Comecei a correr. Quando finalmente cheguei, e apesar de os meus bilhetes serem para um óptimo lugar, não quis estar a incomodar ninguém. A adrenalina não me permitia sentar. Então fiquei do lado esquerdo, em pé no relvado, em frente ao ecrã gigante. E o concerto durou até à meia-noite e meia.



Quando as pessoas começaram a levantar-se e a juntar-se ao palco, corri e fiz o mesmo. Conclusão: o jamie sentou-se no palco com as suas perninhas curtas, mesmo à minha frente. Acabou por ser um concerto maravilhoso.



Em suma, hoje vou ver a RTP2 para presenciar a 1.ª parte do concerto que perdi. Com sorte (ou não) pode ser que apareça e que fique com o registo histórico de um dos nossos encontros. Um dia conto-vos o outro.





P.S.: Dedico este post à minha querida amiga Iva, que sempre me acompanhou nesta idolatria, e que hoje está mesmo a precisar. Um beijo gigante amiga! E ainda um agradecimento muito especial à APR que que informou da programação.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Top 5: Les meilleurs chansons Française

Porque não um Top 5 de música francesa? Melhor, de música francófona, não vá nenhum dos compositores das músicas escolhidas ter nascido na Argélia. Existem os clássicos e as mais recentes e as reinterpretações de músicas que não nos saem dos ouvidos e de letras que não nos entram na cabeça. Não gosto particularmente dos Franceses, não são propriamente o povo mais afável, apesar de serem dos povos mais românticos. Mas a língua deles é magnifica e o país também. Lembro-me sempre das paisagens lilases da Provença no verão com muito mais rapidez e carinho do que a luminosidade cinzenta de Paris. Deve ser porque Paris tem mais franceses por metro quadrado. Mas é de realçar que se faz muito boa música, por lá, de vez em quando e por isso decidi fazer este Top 5. Espero não deixar nenhuma música importante de fora, mas aviso já que não vou incluir o "tous les garcons" apesar de ser, provavelmente, a única música francesa que sei de cor, de uma ponta à outra. Viva os dias do francês do ciclo preparatório de Caxias! Bem, vamos a isto: 


1# Ne me quites pas - Jacques Brel
(e todas as outras cantadas por ele)

2# La Javanaise -  Serge Gainsbourg - por Madeleine Peyroux
(esta senhora é canadiana mas a música é francesa)

3# Dans ma rue - Edith Piaf - por ZAZ
(a menina das rastas tem futuro)

4# Je ne veux pas travailler- Edith Piaf
(idem idem, aspas aspas do que foi dito no 1#)

5# Quelqu'un m'a dit - Primeira dama Carla Bruni
(a música institucional)





O nosso kit sobrevivência à Bancarrota



E se o nosso sistema financeiro desabasse? E se os bancos congelassem o nosso dinheiro por tempo indeterminado? Como é que comprariam comida ou abasteceriam o carro? Será que o desespero levaria a assaltos nos supermercados, violência nas ruas, paralisia total da produção, racionamento, fome?  Já pensaram nisso?

Será que este cenário será assim tão impossível? Não sou pessimista, e não querendo ser alarmista, mas já o sendo, apresento-vos o nosso Kit Bancarrota:

- Poupar o máximo antes que chegue a calamidade;
- Ter dinheiro em casa (para o caso de o dinheiro, nessa altura ainda valer alguma coisa, sempre dá para sobreviver nos primeiros tempos);
- Fazer um stach de mercearias para ter comida em casa durante uns tempos;
- Para quem fume, um stach de volumes de cigarros;
- Não andar com o carro na reserva (lembram-se das filas nas bombas de gasolina aquando daquela greve de poucos dias na refinaria de Sines?).

Mulher prevenida vale por duas :)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Talvez seja por isto que a palavra "original" me encanita...



"Nothing is original. Steal from anywhere that resonates with inspiration or fuels your imagination. Devour old films, new films, music, books, paintings, photographs, poems, dreams, random conversations, architecture, bridges, street signs, trees, clouds, bodies of water, light and shadows. Select only things to steal from that speak directly to your soul. If you do this, your work (and theft) will be authentic.

Authenticity is invaluable; originality is non-existent. And don't bother concealing your thievery - celabrate it if you feel like it. In any case, always remember what Jean-Luc Godard said: "It's not where you take things from - it's whereyou take them to""



- Jim Jarmusch