sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Come on baby light my fire (ou a fadinha dos isqueiros)






Disclaimer: Este post é só para fumadores (e alguns ex-fumadores que não sejam fanáticos). Os fanáticos da saúde, do politicamente correcto, médicos e afins que o leiam, por favor abstenham-se de fazer comentários. Eu sei que fumar mata, faz mal à pele, causa infertilidade, prejudica o feto, emagrece e relaxa. Não precisam de dizer outra vez. Enjoy!

Quem fuma (e quando eu digo quem fuma não me refiro a fumadores de fim-de-semana, fumadores sociais, fumadores de copos, fumadores de cigarros com nicotina inexistente, fumadores de cigarros fininhos que sabem a vento, entre outros que tais; aceito os fumadores de cigarros electrónicos, simplesmente, porque acho amoroso e porque sei que são verdadeiros fumadores em sofrimento) sabe ao que me refiro.

Há semanas assim..
Passo semanas em que compro isqueiros numa base quase diária, e chego a casa ao fim do dia e já não sei deles. Por vezes, de tão farta que estou de comprar isqueiros, chego a levar fósforos ou mesmo o isqueiro de cozinha. Pedir lume seria uma opção se os meus companheiros de fumo levassem isqueiro. Na maior parte das vezes, contam com o meu e quando eu não levo é o desespero. Uma vez disseram-me que a causa dos desaparecimentos cíclicos era uma personagem mítica chamada fadinha dos isqueiros, que por vezes escondia os referidos, para gozar com a nossa cara.

Mas hoje tudo mudou. Consegui contar cinco isqueiros na minha carteira, só hoje de manhã. Parece que a fadinha dos isqueiros se cansou por uns tempos de gozar com a minha cara e começou a devolvê-los, foi de férias ou foi gozar com outro. Cinco isqueiros.. Um estava no carro, outros dois, um em cada bolso de um casaco que não vestia há uns tempos, outro numa gaveta no escritório, e outro roubei lá em casa, de certeza.

Tenho-vos a dizer que nas últimas semanas da minha vida a fadinha esteve muito activa. Do género de estar a tentar acender um cigarro no carro (um dos meus hábitos favoritos) e o único isqueiro que tinha caiu-me da mão para aquele sítio, qual buraco negro, entre o banco do condutor e o travão de mão. É claro que tinha o isqueiro do carro avariado e fui sem fumar até casa. Cheguei a ponderar pedir lume ao carro do lado, nos semáforos, mas contive a minha veia doente.

Longe vão os tempos onde bastava uma senhora remexer na sua carteira que vinham dez cavalheiros de isqueiro em punho. Uma senhora nunca precisava sequer de pedir lume, este era-lhe oferecido de uma forma encantadora e paternalista. É verdade que pedir lume é sempre uma óptima forma de iniciar uma conversa com um desconhecido. Acredito que o acto de fumar, principalmente, nos últimos tempos, em que somos obrigados a encarneirar à porta dos edifícios e restaurantes para o fazer, deve ter sido motor, ou pelo menos ignição, de bastantes relações duradouras.

Um homem a fumar pode ser sexy, mas uma mulher a fumar, é ainda mais. Há qualquer coisa de rebeldia e de estatuto que se juntam num cigarro. Obviamente, que não não comecei a fumar para o estilo, sem travar, nas festas de liceu. Comprei um maço e comecei a fumar às escondidas, dos meus amigos, dentro do próprio liceu. E travava e sabia-me tão bem.. Ainda hoje sabe. Cada cigarro que fumo sabe-me quase tão bem como o primeiro, o melhor de todos, aquele que nos chega a arranhar a alma. As minhas amigas dizem-me que lhes dou vontade de fumar, porque fumo sempre com prazer. É um facto. Um para acordar, dois a seguir a cada café, a conduzir, a seguir ao almoço, ao jantar, 10 em cada conversa, dois a seguir a cada momento especial. Tenho sempre a necessidade de aliar os prazeres da vida com um cigarro. Para ficarem ainda melhores. E os momentos difíceis também. E fumar enquanto ando debaixo de chuva miudinha, tão bom (mesmo sabendo que uma senhora não fuma a andar, ou por isso mesmo).

A verdade é só uma: o sonho de um verdadeiro fumador não é conseguir deixar de fumar, é que fumar não mate! E se não nos levar à falência, entretanto, ainda melhor!

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