Disclaimer: Não trabalho nem nunca trabalhei no Pingo Doce ou empresas do Grupo. Não sou filha nem parente da família Soares dos Santos ou Jerónimo Martins (infelizmente). E também não recebi nenhum cabaz nem vales de compras para vir para aqui dizer isto. Mas sou e sempre serei uma consumidora racional. Deste modo, a opinião abaixo ilustrada é completamente imparcial.
Será que sou a única da opinião que limitar o pagamento com cartões de débito/crédito a compras no valor superior a € 20 é uma óptima ideia?
Por certos momentos, e perante mais uma indignação popular contra a cadeia de supermercados preferida da maioria dos portugueses (sim porque, apesar de tudo, as lojas do Pingo Doce continuam cheias), pensei ser a única a adorar a ideia. Felizmente, quando cheguei a casa encontrei lá alguém que tinha exactamente a mesma opinião eu. Ufa, não estou maluca..
Em épocas de crise, todos temos de cortar nas gorduras, especialmente as empresas, por forma a manterem competitividade em relação à concorrência, a maior parte das vezes estrangeira (veja-se o Lidl ou as lojas chinesas, por exemplo).
O Pingo Doce, cadeia portuguesa, que vende produtos portugueses, produtos de marca branca de qualidade, com preços acessíveis, localização preferencial, que dá empregos com fartura, que exporta! vem mais uma vez à berlinda porque, tal como outras empresas, cortou nas gorduras.
Dado que relativamente aos produtores possivelmente já não haveria margem para cortes e sendo que têm plena consciência que os consumidores portugueses vivem já sobrecarregados, tiveram uma ideia de génio! Ou será que não?
O Pingo Doce quis cortar nas gorduras e não o fez através de despedimentos ou através do aumento exacerbado dos produtos. Tentou imputar o mínimo possível ao consumidor. Maldito seja!
No entanto, trazer € 20 na carteira parece ser um fardo muito pesado para o consumidor português. Eu ainda sou do tempo em que se andava com dinheiro na carteira. Aliás, mantenho-me fiel a esse princípio ainda hoje.
A maior parte dos financial advisers aconselham sempre, como medida para melhor poupar, andar com dinheiro na carteira e evitar a utilização dos cartões que nos impedem de ver o dinheiro a voar da nossa conta para fora. Especialmente, nas compras de supermercado. Tenho seguido essa medida de há uns tempos para cá e tem dado resultado, mesmo com as compras do mês. Por essa razão e por outras entrei em choque quando vi surgir uma onda de revolta contra essa medida.
Mas qual será o problema de andar com € 20 na carteira? Será o nojo de mexer em dinheiro? Preguiça de ir ao multibanco? É que ainda por cima, a maioria se não todos os Pingo Doce têm ATM dentro das lojas. Alguém se importa de me explicar?
E depois vêm outra vez com boicotes e promessas/ameaças: "agora é que não me vêem mais nessas superfícies, a partir de hoje só comércio tradicional". Nesses casos, desejo boa sorte porque a maior parte do comércio tradicional ou não tem multibanco ou também tem limites de valor à utilização do mesmo.
Resumindo, será que o povo português não percebe que o acto de andar com dinheiro na carteira podia poupar dinheiro aos próprios e ao Pingo Doce (que o poderia utilizá-lo, por exemplo, para manter os preços, investir na nossa economia, produtores, etc?) Serei a única a ver isto? Espero sinceramente que não.
O único problema que eu vejo nesta medida é que já não se pode ir ao Pingo Doce com os últimos € 9 do mês, aqueles que estupidamente ficaram na conta bancária e não se podem levantar. Mas para isso também há solução! Para quem tem este problema e, principalmente, para aqueles para os quais esses € 9 podem ser a diferença entre alimentar os filhos ou não, dois conselhos: levantem sempre o vosso dinheiro antes de chegar a esses montantes e não utilizem cartões.
Se mesmo assim, repararem tarde de mais e acabarem o mês com os ditos € 9 presos na conta bancária para gastar, podem sempre ir ao bom e velho Mc Donalds!