quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Ser Feliz...

Uma vez, alguém me disse para escrever também sobre dias felizes, naquela de não dar a impressão que a minha vida se resume a um encadeamento de dias depressivos. Ao que respondi que adoraria mas estava com uma certa dificuldade em lembrar me do último dia feliz que tinha tido. (OK, não estou a melhorar muito a minha imagem de deprimida congénita... LOL). Mas não tem nada a ver... Eu penso que na vida, pelo menos na minha, é realmente difícil ter um dia inteiro de horas felizes. Eu sou mais apologista da ideia de momentos felizes, aqueles pequenos segundos ou minutos de alegria e extâse que nos preenchem de tal forma que não conseguimos pensar em mais nada a não ser como a vida afinal vale tanto a pena. Por isso mesmo, e para vos mostrar que não sou tão miserável como pareço ser, aqui ficam alguns momentos que me fazem sorrir por dentro, porque por fora é permanente.
  • Sair de casa de manhã cedo e sentir o cheiro do orvalho e da terra molhada;
  • O cheiro do mar a qualquer hora do dia;
  • O cheiro do café acabado de fazer;
  • Fumar um cigarro debaixo de chuva miúda (aquela que me molha como parva que sou);
  • Conduzir rápido mas sem pressas em direcção ao inesperado;
  • Cantar (de preferência bem);
  • Sentir um arrepio quando se ouve o uníssono num concerto;
  • O calor do sol num dia claro de Inverno;
  • Sentir o sal nos lábios e no cabelo quando acabo de sair do mar;
  • Quando se riem à gargalhada de uma piada que eu contei;
  • Um gelado do Santini (meloa, morango e noz);
  • Beber uma coca-cola quando estou morta de sede;
  • Quando num mergulho a onda me penteia o cabelo;
  • As luzes da cidade;
  • O brilho das bolas vermelhas de uma árvore de Natal;
  • A simpatia de uma pessoa desconhecida;
  • Aquele olhar;
  • Aquele beijo;
  • Aquele abraço...

Entre outras coisas a que mais tarde voltarei. Mas já viram?!... Eu até sou feliz!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

UNINSPIRED....

Uninspired, really... Is how I feel lately.
There are no more words left to say... At least at the moment.
If only I had that sunset... Maybe I would feel free again.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Jazz it up Ella!

Ultimamente, tenho ocupado muitas horas da minha desocupação a ouvir jazz. Ou é no Lux às quartas, ou no Hot às quintas, ou mesmo no meu mp3 a qualquer disa da semana. Apesar de estar a diversificar o tipo de jazz que oiço Ella continua a ser a minha preferida. Eu costumo dizer que tudo o que eu queria na vida era ter um décimo da voz da rainha do scat. Como isso não é possivel, até inventarem cirurgias plásticas às cordas vocais, resta me ouvir, que já não é pouco. Porque enquanto que há vozes que são um instrumento, há quem tenha orquestras dentro da voz. Obrigada Ella

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A insustentável leveza do ser!

"En nuestra vida como en la paleta de pintor sólo hay un color que dá sentido a la vida y la arte: el color del amor" Marc Chagall

Quanto à cor do amor não sei...

Mas sei que as cores que Chagall utiliza em cada devaneio pictórico me fazem sorrir e que o seu surrealismo naif me faz acreditar, mesmo que por pouco tempo.

E gosto da ideia de poder voar, de ter asas, de ser leve... mesmo que a longo prazo seja insustentável.

Porque até os pássaros têm de ter um ninho ao qual possam regressar... Porque não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe!

Between...

I'm between wanting love and giving up

Yes, suddenly, I'm thinking about it too much

The problem is all hope is fading away

And I don't know if that road isn't the best way

'Cause, if I believe I'm sure I'm going to be hurted

But if I don't I miss the chance of ever Know

What is all about...

There is no right or wrong

I just can't choose at all

It's not about not wanting to be loved

But I just can't be in love again with somebody who's not

It's easiar to live my life without the wait

That I suspect could be in vain

'Cause if I believe I sure I'm going to regret

But if I don't I'll miss the joy I've never had

Oh tell me, what it's all about

There is no right or wrong

I just can't choose at all

I am in between

I crave a thing I can't believe

And every time I hear a song

My heart doesn't know which way to go

Like in a crossroad

That doesn't appear in the map

Left or right, right or wrong

I think I'm going front

Without knowing what it's all about

There is no right or wrong

I just can't choose at all

Don't know which way to choose

But in between I'll loose

sábado, 29 de setembro de 2007

O porquê do feminismo (parte II)

Warren Jeffs, chefe de um culto religioso poligamico no Utah, foi condenado por cumplicidade numa violação na medida em que obrigou uma menor de 14 anos a casar com o seu primo direito de 19.

A vítima, actualmente com 21 anos, fez uma declaração onde postulou a igualdade entre os homens e as mulheres, apelando a que estas não deixassem subjugar a sua liberdade pessoal à vontade de um homem.

Apesar se não ter conseguido obter o filme da mesma declaração, deixo-vos aqui a notícia, em segunda mão, de modo a reiterar a necessidade de ainda actualmente ser indespensável o feminismo, agradecendo à vítima em causa por ter feito ouvir a sua voz!

“I became a feminist as an alternative to becoming a masochist.” Não foi dito pela vitima mas bem o podia ter sido. Se quiserem saber mais sobre o feminismo vão a http://www.vencidaseultrajadas.blogspot.com/

domingo, 23 de setembro de 2007

Jamie Cullum London Skies, Warehouse Version: A Música!

Ah... Há que referir que o último post não foi pura especulação, nem baseado em boatos de sites de groupies! Foi o Próprio JC que contou a história no concerto dele do cool Jazz Fest do ano passado, na cidadela de Cascais. Grande Concerto...

Jamie Cullum London Skies: Warehouse Version ou Como as divergências climatéricas afectam uma relação!

Paint a picture Clear cut and pale on a cold winters day Shapes and cool light wonder the streets like an army of strays On a cold winters day

Will you let me romanticize The beauty in our London skies You know the sunlight always shines Behind the clouds of London skies

Patient moments chill to the bone under infinite grey Vision hindered mist settling low like a ghostly ballet On a cold winter's day

Will you let me romanticize The beauty in our London skies You know the sunlight always shines Behind the clouds of London skies

Nothing is certain except everything you know can change Worship the sun but now Can you fall for the rain

Will you let me romanticize The beauty in our London skies You know the sunlight always shines Behind the clouds of London skies

Nada melhor que esta música para falar sobre as diferentes perspectivas que as pessoas têm sobre a vida.

Neste caso, JC tinha uma namorada brazileira descontente com o clima cinzento de Londres. JC, o romântico do costume pedia-lhe que reparasse no sol que brilha por trás das nuvens.

Aqui temos o exemplo de um copo meio vazio (a miuda que estando com o JC reclama do tempo) e o copo meio cheio (o JC que acredita no amor e pede-lhe o impossivel- ver o sol através do fog londrino).

O meio copo é que divergências climatéricas e distâncias inter continentais não são boas para uma relação!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Sonhar...

Será que existe algo melhor que sonhar?

Entenda-se que me refiro ao sonhar dormindo, porque o sonhar acordado, apesar de ser um bom entretenimento, traz sempre o dissabor agridoce de saber que o fazemos, precisamente, porque o nosso desejo dificilmente se cumprirá...

Mas o sonhar dormindo é o motivo que me leva a tentar dormir noite após noite.

Em primeiro, porque só somos verdadeiramente livres quando estamos a sonhar. Sem imposições, sem restrições, sem culpa e sem comando vamos navegando num mundo paralelo onde a realidade se mistura com o surrealismo formando uma mescla muitas vezes injustificável à luz do nosso consciente.

Em segundo, porque o dissabor da improbabilidade do cumprimento não nos assombra. Como não tivemos escolha, gostamos de pensar que esse sonho pode ser augúrio de algo bom que está para vir, como se se tratasse de uma espécie de premonição.

Por último, pelo acordar feliz que se segue a um sonho bom porque pelo menos por umas horas ou uns minutos fomos felizes.

Quanto aos pesadelos... Bem, esses servem para nos recordar que não podemos dormir para sempre!

domingo, 16 de setembro de 2007

Simpsoniza-te!

Isto de não ter nada que fazer tem muito que se lhe diga... Quando o dia tem horas a mais para preencher é sinal que algo está errado.

Então, para matar o tédio procuramos o que fazer com ânsias de nos sentirmos uteis ou pelo menos para não nos sentirmos aborrecidos. Nestas alturas dorme-se demais, come-se demais, joga-se solitarie spider como se nos preparassemos para o campeonato mundial dos tristes, vê-se fox life como se não houvesse amanhã. E o tédio não passa...

Por isso, aqui deixo o link http://www.simpsonizeme.com para os que como eu procuram o que fazer no longo decurso das horas do dia e também para os que apesar de quase não terem tempo gostam de sorrir de vez em quando. Basta carregar uma fotografia vossa fazendo os ajustes necessários para entrar no mundo fantástico dos simpsons com a vossa própria personagem.

Quem é que não quer um alter ego amarelo?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Vanessa da Mata ft Ben Harper: Boa Sorte/ Good Luck

Para acabar com a falta de inspiração que forçou um intervalo neste blog nada melhor que esta música. Sim, porque no final de contas toda a gente precisa de meio copo de boa sorte!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Todos os dias são de partida para o lugar onde nunca me vejo chegar...

Partir, dividir em partes; quebrar; sair.

Vou-me dividir em partes... A parte do que sou no agora, que fica para trás, e a parte do que serei nos dias que se aproximam, já que nunca somos os mesmos em cada lugar. No regresso (sim, porque toda a partida implica um regresso) da soma das duas partes resultará um eu diferente que um dia também será parcela da soma de um regresso qualquer.

Vou-me quebrar... O caco de mim que não interessa vai ficar na gaveta à espera da reconstrução. E com a liberdade de estar aos pedaços parto leve em busca de peças alternativas que possam cá encaixar.

Vou sair... Porque a casa tem tempo para esperar por mim e eu não tenho tempo para ficar à espera. Vou deixar o que conheço em direcção ao inesperado porque a monotonia cansa e o trabalho doi.

Mas vou voltar... Porque tanto a partida como o regresso fazem parte do eterno retorno que é a vida (ou que devia ser). E Porque uma sem a outra deixava de fazer sentido e perder-se-ia a doçura do dia de amanhã.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

"Cigarro pensativo"

«Os olhos olham e por verem tão pouco procuram o que deve estar faltando e não encontram.»

José Saramago in Jangada de Pedra

(fotografia por Dolibaby)

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Ressaca

Após uma semana de férias, a primeira, voltei à base. Tinha roupa para lavar, tinha saudades de escrever.

Estive errante pela costa Alentejana e nómada de mim mesma fui "recolectando" novas memórias de novos momentos, de novas pessoas, novas respostas. As perguntas, essas, mantêm-se iguais.

O sol e o mar fizeram-me bem à alma. A chuva nem por isso. Mas a música abriu-me o horizonte e fechou abismos dentro de mim. E por entre muitos copos meio cheios de muitas garrafas meio vazias ia-me desencontrando do martírio de estar sozinha no meio da multidão e descobrindo sorrisos perdidos e abraços suspensos.

Por tudo isto e por tudo mais, é óbvia a razão da minha ressaca neste já esperado mas não permanente regresso a casa.

Porque a ressaca não é mais do que aquilo que nos acontece quando queremos mergulhar na onda que se aproxima e levamos com a anterior nas costas.

sábado, 21 de julho de 2007

O porquê do feminismo!

Para quem comece já a pensar coisas do demo, começo por explicar o que o feminismo não é:
  • A corrente "doutrinária" em contraposição ao machismo, sendo que as seguidoras destes princípios não têm necessariamente de andar sem soutien ou com a depilação por fazer!
  • O feminismo também não é uma ideologia restrita a lésbicas nem a heterossexuais fracassadas com sede de vingança.
  • Por fim, o feminismo não é obsoleto porque as mulheres já conseguiram o que queriam: o seu direito ao voto.

Dentro do feminismo existem várias correntes sendo que uma delas defende simplesmente a equidade que reconhece as diferenças entre os gêneros mas procura a valorização simétrica entre eles. Podem chamar a esta corrente a corrente do meio copo!

O feminismo, ao contrário do que muitos e muitas pensam ainda é uma luta actual e não só para os paises de terceiro mundo. Ainda é longo o caminho para a equidade. Senão vejamos:

  • As mulheres detêm apenas 1% da riqueza mundial, e ganham 10% das receitas mundiais, apesar de constituirem 49% da população.
  • Quando se considera a criação dos filhos e o trabalho doméstico, as mulheres trabalham mais do que os homens, quer no mundo industrializado, quer no mundo subdesenvolvido (20% a mais no mundo industrializado, 30% no resto do mundo).
  • As mulheres estão sub-representadas em todos os corpos legislativos mundiais. Em 1985 a Finlândia detinha a maior percentagem de mulheres na legislatura nacional, com aproximadamente 32%. Actualmente, a Suécia tem o maior número, com 42%. A média mundial é apenas 9%.

  • Em média, mundialmente, as mulheres ganham 30% menos do que os homens, mesmo quando têm o mesmo emprego

Portanto meninas mãos à obra! Vamos trabalhar para que as nossas filhas não precisem mais de ser feministas!

Caetano Veloso y Gilberto Gil - HAITI - 2002 2/25

Quando você for convidado pra subir no adro Da fundação casa de Jorge Amado Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos Dando porrada na nuca de malandros pretos De ladrões mulatos e outros quase brancos Tratados como pretos Só pra mostrar aos outros quase pretos (E são quase todos pretos) E aos quase brancos pobres como pretos Como é que pretos, pobres e mulatos E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados E não importa se os olhos do mundo inteiro Possam estar por um momento voltados para o largo Onde os escravos eram castigados E hoje um batuque um batuque Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária Em dia de parada E a grandeza épica de um povo em formação Nos atrai, nos deslumbra e estimula Não importa nada: Nem o traço do sobrado Nem a lente do fantástico, Nem o disco de Paul Simon Ninguém, ninguém é cidadão Se você for a festa do pelô, e se você não for Pense no Haiti, reze pelo Haiti O Haiti é aqui O Haiti não é aqui E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer Plano de educação que pareça fácil Que pareça fácil e rápido E vá representar uma ameaça de democratização Do ensino do primeiro grau E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto E nenhum no marginal E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco Brilhante de lixo do Leblon E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo Diante da chacina 111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos E quando você for dar uma volta no Caribe E quando for trepar sem camisinha E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba Pense no Haiti, reze pelo Haiti O Haiti é aqui O Haiti não é aqui

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Os meus dias

Cada dia sem gozo não foi teu

Foi só durares nele. Quanto vivas

Sem que o gozes, não vives.

Não pesa que amas, bebas ou sorrias:

Basta o reflexo do sol ido na água

De um charco, se te é grato.

Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas

Seu prazer posto, nenhum dia nega

A natural ventura!

Ricardo Reis

quinta-feira, 19 de julho de 2007

A esperança da Humanidade

Na esteira da discussão da natureza do Homem esta foto pareceu-me apropriada.

A educação faz toda a diferença havendo mesmo quem defenda que toda a maldade vem da ignorância (mais uns de copo meio cheio). Apesar de não concordar totalmente, porque há muita gente aí que sabe bem o que anda a fazer sei que o conhecimento faz muita diferença.

É pena que o nosso sistema de educação não tenha tanta esperança ou mesmo entusiasmo pela geração vindoura. Ou talvez seja apenas porque sabem que haverá sempre quem tenha dinheiro para colégios privados e porque argumentam que nem todos têm de ser licenciados.

Desde que os seus filhos o sejam...

Don't drive drunk

Porque ainda tenho amigos que o fazem...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

A natureza do Homem

Ando há uns aninhos com esta dúvida a pairar no meu pensamento:

Qual a verdadeira Natureza do Homem? Nascemos naturalmente bons e somos corrompidos pela sociedade ou naturalmente maus, lobos uns dos outros? Depois de anos de ponderação e pesquisa socio-antropológica estou perto de chegar à conclusão que o Homem tem tendência a ser mau (e não falo dos homens com letra pequena porque relativamente a eles não tenho dúvidas).

Rousseau, amigo do copo cheio, defendia que foi a criação do Estado e a vida em sociedade que corromperam o bom selvagem que antes da civilização vivia em harmonia com os seus pares.

Por outro lado, Hobbes, o do copo vazio, acreditava que o Homem em estado natureza é mau e na "Bellum omnia omnes" tradução para o latim da expressão "A guerra de todos contra todos".

Eu, para variar, não gosto de cair em exageros, mas também não acredito que o Homem nasça uma tábua rasa. Passo a explicar: O Homem é animal e dessa condição decorrem os instintos. Esses instintos são o de sobrevivência, procriação, protecção da prol. Todos esses instintos não são maus a se, mas são egoistas: Nós e os nossos antes dos outros! Isto, levado a uma situação extrema leva obviamente a acções más.

É claro que em contacto com a sociedade, à medida que vamos crescendo, somos postos em contacto com uma panóplia de valores e binómios entre os quais poderemos escolher. E a partir daí começamos a julgar as nossas próprias acções e as acções dos outros, começamos até a controlar impulsos egoistas que tenhamos.

Em suma, para mim o Homem nasce amoral mas com instintos egoistas, o que deixa um trabalho enorme para os paizinhos fazerem.

Assim, volto a ser meio copo desta vez a dar para o vazio, uma espécie de óptimismo no pessimismo. Isto é, apesar do Homem ter impulsos naturalmente egoistas acredito e tenho esperança que haja alguns que munidos do seu quadro ético-moral dêem uso à racionalidade.

Eu tenho fé na humanidade mas a realidade é avassaladoramente incontornável.

domingo, 15 de julho de 2007

Just in time!

Há uns anos vi um filme que apanhei ao inicio mas do qual não sabia o nome. Esse filme relatava a estória de um encontro entre dois jovens num comboio a caminho de Viena. Um jovem americano a caminho do voo de regresso a casa e uma estudante de regresso aParis. Começaram a falar e a empatia foi instantanea. Ele convidou-a para sair do comboio e passar o dia em Viena e ela arriscou...

Conheceram a cidade, conheceram-se mutuamente, mesmo no sentido bíblico. Mas o amanhecer trazia a despedida... Prometeram encontrar-se em seis meses na mesma cidade. Tinham encontrado a pessoa certa e não a podiam deixar escapar... E o filme acabou! Ontem, sábado à noite, estava em casa com a neura. Troquei sms com uma amiga que me disse que estava a ver um filme que era a continuação de outro que tinha visto há uns anos... E que estava ansiosa para saber o final da história. E nesse momento eu soube que era aquele.

Comecei a ver e confirmei as minhas suspeitas. Eram eles, passados 14 anos, desta vez em Paris. Ela tinha faltado ao encontro não por vontade mas por falta de opção. Começaram a falar... nenhum dos dois se esquecera. Mais uma vez, o reencontro estava cronometrado, ele tinha de apanhar o avião ao anoitecer. Mais uma tarde a passear pela cidade, a reconhecerem-se. Sim, as suas vidas tinham mudado mas eles não.

Descobriram que o desencontro de Viena os tinha feito desacreditar no amor. E com esse descrédito veio a resignação.

Ele casou-se, cedeu ao compromisso, parecia o mais certo a fazer. Não amava a mulher porque não podia amar mais ninguém e nessa desesperança cedeu ao que a sociedade esperava dele, à imagem que tinha dele próprio e conformou-se deste modo para não ficar sozinho.

Ela colecionou relações que estavam destinadas a falhar porque não conseguiu amar mais ninguém como amou aquele rapaz naquela noite. Agora tinha uma relação estável com um reporte de guerra, relação que conseguia manter porque este passava o tempo fora. obviamente não o amava... nem podia.

Na cena final do filme estão em casa dela e ouvem Nina Simone, "just in time". Não vos vou estragar o final do filme estejam descansados os que não viram...

O filme acabou e eu estava sozinha na minha sala com um sorriso estúpido na cara.

E então levanta-se a questão de se existem ou não almas gémeas. E se a existir todos temos direito à nossa, que aparecerá just in time, apesar de todos os anos de sofrimento na espera. São questões válidas mas sem resposta.

O realizador do filme classifica-o como "um romance para realistas". Será? Ao mesmo tempo que nos inunda o ecrã com diálogos que nos fazem acreditar no conceito compreensivo de alma gémea chegamos à conclusão que o percurso para chegar a ele é feito de meros acasos, de sorte e azar.

O pessoal do copo meio cheio (os optimistas), acredita que apesar de todos os desencontros, que tinham de acontecer, o verdadeiro amor chegará quando tiver de ser, quando estivermos preparados... Just in time...

As gentes do copo meio vazio não acredita sequer no conceito de alma gémea vivendo na resignação de relações infrutíferas por não conhecerem sequer a existência da outra opção.

Os do meio copo, nos quais me incluo, são agnósticos no que respeita à existência da alma gémea. Não temos prova da sua existência o que não quer dizer que não tenhamos esperança pois nada impede que um realista seja ao mesmo tempo idealista. Portanto, esperamos que o acaso nos bata à porta. Mas como temos dúvidas no seu aparecimento vamos vivendo a vida ligeiramente, sem arriscar muito (nesse campo), como se vivêssemos numa quase resignação preventiva. Eu como acho que se trata de uma questão de sorte, e Bridget que se preze não tem nenhuma vou assim levando a vida.

Por último, aconselho- vos a ver ambos os filmes (Before sunrise e Before sunset, respectivamente) e a não deixarem de acreditar. Pode ser que apareça Just in time!

sábado, 14 de julho de 2007

Acordar

Pois é... ando outra vez a fugir à escrita... mas nunca ao pensamento pois desse não se consegue fugir por muito que se queira. Tive me a lembrar dos tempos antigos em que as paixões febris da adolescência me faziam voltar para escrita, na altura em forma de verso. E porque recordar é viver aqui fica um poema de quando tinha 17 aninhos... Por isso e por tudo o resto dêem lhe um desconto!

HOJE ACORDEI SOBRE A MANHÃ DESPIDA/ COM REFLEXOS DE TI EM MEU OLHAR,/ E ACORDEI MAIS UMA VEZ PERDIDA/ ENTRE A DOR QUE É A MINHA VIDA/ E A DELICIA DESTE MEU SONHAR.../

E ME ERGO ASSIM NESTA TONTURA/ ONDE A AURORA SE ESPREGUIÇA DEVAGAR/ E O FUTURO ME ACORDA DE MANSINHO.../ DEPOIS DESTA LONGA NOITE ESCURA/ ESPERA ANSIOSO ESTE ACORDAR/

OLHO, ENTÃO, PELA JANELA, PARA A RUA/ E CONSIGO APENAS VER DESILUSÃO/ POR ENTRE A GENTE QUE PASSA NUA/ DE FÉ, DE SONHO E DE VONTADE/ E ASSIM ME ENCONTRO SEM FORÇA OU REACÇÃO/ E VOU DORMIR PARA SONHAR ATÉ MAIS TARDE.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Life earth

Com tanta badalação em volta das sete maravilhas, nas quais já votei como cidadã mundial participativa que sou, está a ser esquecido outro grande acontecimento a ocorrer no dia da capicua. Pois é, para além de lembrar as maravilhas construidas pelo Homem, há que lembrar as maravilhas pré existentes a este, o que tentará ser feito no Life earth, a ser transmitido pela RTP. Este evento também contará com a participação de muitas estrelas internacionais mas o tema ambiente é sempre preterido em função dos demais... Não vos peço que percam a J-Lo na TVI. Recomendo-vos apenas que no dia 07.07.07 dêem uso ao vosso comando, se não estiverem na praia, e tentem ver o que se passa no mundo ora cultural, ora ambiental. Até lá, apaguem as luzes, não lavem os dentes com a torneira aberta, separem o lixo, usem transportes públicos e lampadas económicas, plantem uma árvore. Obviamente sem cair no extremo que retrato em mais uma fotografia de Havanna, onde nasceu uma arvore da canalização... Be Green!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Crescer

Aqui, vai a letra de uma grande música, de uma banda tuga, porque o que é nacional é bom, os Gota. Se puderem façam por ouvi-los que vale a pena: Crescer (depressa Demais) Sábios aqueles que dizem viver muito de cada vez Inverte o processo e reduz a sensatez de avaliar o que conheço. Tudo se aprende pelo modo mais difícil Quando se quer crescer depressa demais. Loucos os que pensam que aproveitar cada momento Preenche o vazio de adormecer sozinho noites a fio. Tudo se aprende pelo modo mais difícil Quando se quer crescer depressa demais. Poucos os que sabem que os pés pisados hoje Podem ser de alguém que terão de beijar amanhã.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Antinomias

Mais uma imagem, mais um binómio ou mesmo uma antinomia. Havanna é mística por isso mesmo... A cada passo que damos, numa rua qualquer, somos invadidos por uma mistura de marcos contraditórios. Por um lado, a herança estadunidense no capitólio, nos automóveis, na lingua inglesa que todos conhecem, na coca-cola que ainda é bebida, em Hemingway. Por outro a vivência da Cuba comunista na música que nos encontra onde quer que seja, na pobreza, nos silêncios comprometidos das gentes, na casa envelhecida em eterna restauração, no calor. E no entanto, não há certo nem errado... Todas as contradições constituem a cidade naquilo que ela é. E lá vem de novo à baila a conversa do costume: o que será melhor, o capitalismo ou o comunismo? E apesar de todas as discussões incendiárias que possamos ter, o bom senso leva-nos a concluir que o meio termo (o meio copo) seria a melhor opção. Não no aglomerar de contradições mas numa mistura que roçando a heterogeneidade elevasse a situação de cada um a um óptimo paretiano. Assim, os pobres dormiriam melhor, porque não teriam mais a preocupação de como alimentar os filhos no dia seguinte e os ricos dormiriam melhor, pela leveza na consciência. Quanto aos inconscientes... Bem, esses não merecem preocupação...

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Aditamento

Afinal consegui fazer o link! Mas não sei antes deixar quatro quadrados pretos e gigantes, cada um com a sua cruz vermelha no canto superior esquerdo. PORREIRO!

Sorte da vida

Pois é... encontrava me navegando pelo you tube quando tropecei num video que se intitulava kings of conveneance at Ipanema Beach. Primeiro pensei que fosse um filme de um concerto oficial dado por uma das minhas mandas preferidas. Dois segundos depois achei que era um cover por um brasileiro que estava sem nada para fazer na praia. Até que cheguei à conclusão que eram os próprios que estando de férias ou num intervalo entre concertos no Brasil resolveram ir à praia e eis que não quando foram reconhecidos por um grupo de jovens brasileiros com muito bom gosto musical e boa memória fotográfica. Como recompensa destas nobres qualidades tiveram a sorte da vida de assistir a um concerto semi privado numa praia linda tendo ainda o privilégio de privar com estes senhores. Há dias de sorte! A minha sorte ficou por alguém se ter lembrado de filmar o momento e colocá-lo on line para inveja de outros milhares de azarados como eu. Recomendo-vos o visionamento dos filmes no you tube já que eu sou uma naba que não conseguiu fazer o link.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Dia de Chuva em Madrid

A parecença romântica com NY obrigou-me a arriscar levar com uns pingos na máquina. As pessoas a correrem, os salpicos do granizo, a mota encostada ao quiosque, o starbucks ao fundo trazem-me à memória a música e o cheiro da água que insistia em cair.
E se repararem lá ao fundo o autocarro aumenta de tamanho ao passar para o outro lado.

Justificação

É tempo de matar saudades! Do papel, do escorrer da caneta, da caligrafia insegura, da angústia febril da paixão. Não é voluntária a minha escrita mas impelida por algo que não sei explicar. Não era suposto, não era mesmo! Tenho distraído a solidão com muitos amigos, milhões de conversas, encontros fortuitos, milhares de cigarros e muitos gigas de música que a maior parte das vezes nem ajuda. tenho desprezado a depressão, fingindo que não existe, alianando-me na ideia de não ter legitimidade para privar com ela. Tenho afastado da cabeça pensamentos profundos, perguntas sem resposta, indagações existenciais, mergulhando num mar de frivolidade que me anestesia. mas não dá mais! resisti o melhor que pude mas a saudade de despejar a ngústia era insopurtável. Tinha de mandá-la para fora da melhor maneira que a minha memória conhece.